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Juiz cobra Argentina para negociar dívida

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Thomas Griesa, o juiz norte-americano acusado pela Argentina de ser o responsável pelo calote aos credores da sua dívida pública reestruturada, criticou o governo de Cristina Kirchner por afirmações "enganadoras" e disse para o país continuar negociando para chegar a um acordo com os chamados fundos abutres.    

"A Argentina deve parar de dizer meias verdades. Suas declarações sobre a vontade de pagar suas dívidas são muito enganadoras porque se referem apenas aos donos de títulos que aceitaram a renegociação", ressaltou o magistrado. Além disso, para Griesa, as tratativas nos Estados Unidos devem continuar, com ou sem default, e mantendo Daniel Pollack como mediador.    

Pouco depois, Buenos Aires respondeu que segue aberta ao processo de diálogo, mas que não tem mais confiança em Pollack, que é acusado pelo governo argentino de prejudicar a imagem do país no mercado financeiro ao apontar, na última quarta-feira (30), o risco de um calote iminente.

A crise

O mais novo default da Argentina tem suas origens em dezembro de 2001, quando a nação sul-americana declarou moratória da sua dívida externa. Em 2005 e 2010, o governo conseguiu renegociar esses títulos públicos com aproximadamente 92% dos credores, que concordaram em receber um valor menor em um prazo mais longo.    

Contudo, os 8% restantes não aceitaram o acordo e venderam os papéis a hedge funds, fundos de investimento especializados em ativos de alto risco. Alguns deles têm como prática adquirir títulos de dívidas públicas não pagos para depois cobrar o valor integral na Justiça. Foi o que aconteceu neste caso.    

No último dia 30 de junho, o país depositou US$ 539 milhões para pagar uma parcela aos credores que aceitaram a renegociação, mas uma corte dos Estados Unidos presidida pelo juiz Thomas Griesa bloqueou o dinheiro. O argumento do magistrado é que a Argentina teria de pagar também US$ 1,3 bilhão aos hedge funds (apelidados no país de fundos abutres) que não aceitaram a reestruturação.    

No entanto, caso fizesse isso, os credores que fazem parte dos outros 92% - e que concordaram em receber valores menores - poderiam reivindicar a quantia integral. Por esse motivo, Buenos Aires preferiu não depositar o US$ 1,3 bilhão, mesmo tendo reservas para isso.    

Como a parcela de US$ 539 milhões depositada pela Argentina aos credores da dívida reestruturada vencia no dia 30 de julho, e a Justiça norte-americana impediu o repasse do dinheiro, o país entrou em uma situação de "calote técnico".