ASSINE
search button

Especialistas: crescimento do PIB dos EUA tem dois lados para o Brasil

Aumento de 4% do PIB americano pode interferir na economia brasileira

Compartilhar

O crescimento de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos, anunciado pelo Departamento de Comércio nesta quarta-feira (30), chamou a atenção dos especialistas. A média das previsões dos analistas era de que o crescimento pudesse chegar na casa dos 3,2%, após o retrocesso de 2.1% no primeiro trimestre.

Para os economistas brasileiros, o Brasil pode tanto ganhar quanto perder com isso. Segundo Vander Lucas, professor de economia da Universidade de Brasília (UNB), o crescimento acima da média do PIB dos EUA pode incrementar as exportações brasileiras. “Com o PIB a 4% o setor de importações dos Estados Unidos fica aquecido e, como nossa economia tem uma certa dependência da economia americana, isso pode dinamizar nossas exportações. A demanda deles aumenta e a gente se beneficia”, explica.

Roberto Elery, professor de economia da UNB, destaca que os Estados Unidos são o segundo país que mais compra produtos brasileiros e que isso realmente pode vir a beneficiar a economia brasileira. No entanto, o outro lado da moeda é preocupante. “O aquecimento da economia dos Estados Unidos também afeta a economia de outros países. Temos o efeito positivo do aumento das exportações, mas existe o perigo do crescimento da economia americana acarretar um aumento da taxa de juros”.

Com isso, segundo o especialista, os recursos que o Brasil tem investido na própria economia podem ir sumindo aos poucos. “A tendência é que os dólares investidos no Brasil retornem para a economia americana”.

Para Vander, o Brasil também pode ser prejudicado pelo lado financeiro. “Quando a economia americana estava mal, o Brasil era considerado um mercado promissor, então os investimentos estavam concentrados por aqui e em outros países”

Previsões, mas com cautela

Apesar do crescimento considerado acima da média, Carlos Pinkus Felder, do Instituto de Economia da UFRJ, aponta algumas ressalvas em relação às influências do fato na economia brasileira. “Apesar do crescimento ter sido acima do esperado, não foi o suficiente a ponto de mudar sua política de juros a longo prazo dos Estados Unidos. Consequentemente, o impacto negativo, do lado financeiro, para a nossa economia não será tão expressivo, assim como acontece com o impacto positivo, no caso das exportações”, explica.

Segundo Felder, a amostra trimestral do PIB dos EUA é anualizada e a queda de 2,1% do trimestre anterior é um fator de influência que não permite uma alta tão expressiva dos juros, que poderiam interferir na questão financeira brasileira. “O crescimento do PIB é uma recuperação de um período bem ruim. O mau resultado do primeiro trimestre e essa melhora logo depois não foi tão marcante a ponto do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) aumentar os juros. Em termos financeiros não vai mudar muito”, conclui.