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Ações do BES caem mais de 10% após desconvocação de assembleia

BES anuncia que passou a deter 90 milhões de ações da Portugal Telecom

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A imprensa portuguesa informa nesta terça-feira que as ações do Banco Espírito Santo (BES) encerraram a sessão da bolsa em queda de 10,60%, após chegarem a cair mais de 13%. Depois do anúncio da desconvocação da assembleia-geral extraordinária do banco, marcada para a próxima quinta-feira, os papéis chegaram mesmo a cair 13,56%, negociadas a 37,6 cêntimos, o valor mais baixo desde o dia 16.

As ações do banco liderado por Vítor Bento começaram a sessão pressionadas pela notícia de que os prejuízos do BES poderão atingir os 3 bilhões de euros no final do primeiro semestre deste ano. Este montante, que ultrapassa os 2,1 bilhões de euros garantidos pelo BES, levou o Banco de Portugal a reagir de imediato, ainda na segunda-feira, para tranquilizar os investidores e os clientes do banco.

O presidente do BC português, Carlos Costa, garantiu a solvência do BES e a segurança dos fundos confiados ao banco. No entanto, na tarde desta terça, foi emitido um comunicado para a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) onde consta a aceitação do pedido, feito pelo Espírito Santo Financial Group, de desconvocação da reunião extraordinária de acionistas do BES, que mereceu concordância do Crédit Agricole, o que acabou por agravar as perdas do banco.

Apenas seis minutos depois da emissão do comunicado as ações caíram dos 39,8 cêntimos para 37,6 cêntimos, naquele que foi o valor mais baixo da sessão. Ao longo desta terça-feira, trocaram de mãos mais de 97 milhões de ações do banco, número que ultrapassa a média diária dos últimos seis meses que fica abaixo dos 35 milhões de títulos transacionados. Desde o início do ano o valor do BES na bolsa já caiu 58,68%.

BES assume diretamente os 10% na Portugal Telecom

Em comunicado divulgado ao mercado, o Banco Espírito Santo anunciou que passou a deter 90 milhões de ações da Portugal Telecom (PT), 10,04% da Avistar (empresa do BES para ativos não financeiros). O banco passa, assim, diretamente a deter essas ações que poderão estar nos ativos a serem alienados pela entidade financeira num plano de reestruturação. A transferência foi feita a um preço por ação de 1,83 euros, equivalente a uma transferência total de 164,7 milhões de euros. O que significa que a transferência já foi realizada pela equipa de Vítor Bento que assumiu a liderança do banco no dia 14 de julho. 

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Imbróglio envolvendo o Grupo Espírito Santo

A Espírito Santo Financial Group, que detém 20,1% do BES (Banco Espírito Santo), pediu recuperação judicial aos tribunais do Luxemburgo, país onde está sediada. A Rioforte e a Espírito Santo International, empresas do Grupo Espírito Santo, também já tinham pedido a recuperação judicial.

Na informação enviada à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) o grupo informou que "o pedido de gestão controlada ('gestion contrôlée') da empresa" deve-se ao fato de esta "não estar em condições de cumprir as suas obrigações no âmbito do programa do papel comercial, nem as obrigações relacionadas com a sua dívida".

"A recuperação judicial é possível em situações em que existem perspectivas para os negócios da empresa que se encontra temporariamente em dificuldades e seja incapaz de cumprir as suas obrigações, de modo a permitir a sua reestruturação. Este procedimento deverá facilitar uma alienação dos seus ativos servindo melhor os interesses de todos os credores", sublinha o comunicado na página do regulador de mercado nacional.

"A partir do momento da indicação do Juízo até a sua decisão todos os procedimentos ou atos, mesmo os iniciados por credores privilegiados (incluindo credores com garantias e penhoras) são suspensos", acrescenta a holding, maior acionista do Banco Espírito Santo, com 20,1% do capital. No entanto, desta posição cerca de 20% está sujeita a um compromisso que impede a venda, relacionado com a emissão de obrigações permutáveis em novembro de 2013. Tal participação de 20,0% "tem de ser mantida".

Ex-diretor do Banco Espírito Santo é detido em Portugal

O ex-diretor executivo do Banco Espírito Santo, Ricardo Espírito Santo Salgado -  patriarca da família - foi detido em sua casa, no Estoril, na manhã desta quinta-feira (26), para prestar esclarecimentos na investigação que apura transferências ilegais entre gestores de fortuna, o que poderia ser o maior caso de lavagem de dinheiro de Portugal.

De acordo com o jornal português Público, a detenção foi desencadeada pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP). Salgado foi ouvido no Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa, num depoimento que durou sete horas. Ele foi liberado à tarde, após pagamento de fiança de 3 milhões de euros.

De acordo com o Público, uma ação de buscas havia sido feita na sede do Grupo Espírito Santo, num desdobramento da operação Monte Branco, que começou em 2011.

O hotel no qual Salgado instalou seu escritório desde que foi tirado da direção do Banco Espírito Santo pelo Banco de Portugal, em 13 de julho, também foi alvo de inspeção.

A crise no Grupo Espírito Santo está afetando diretamente a fusão entre a Portugal Telecom (PT), da qual é acionista, com a brasileira Oi.

Os braços do Grupo Espírito Santo no Brasil

Como o Jornal do Brasil já publicou no início de julho, o Grupo Espírito Santo desenvolve atividades financeiras no Brasil, direta ou indiretamente, desde 1976, dois anos após a Revolução dos Cravos que derrubou o regime salazarista em Portugal. Na época, os acionistas viraram alvo de intensa perseguição política, o banco foi nacionalizado e os principais sócios deixaram Portugal. Iniciaram, então, atividades financeiras no Brasil, na Suíça, na França e nos Estados Unidos, com destaque para a multiplicação dos negócios em terras brasileiras. Informações dão conta de que eles se associaram a grupos brasileiros, participando de operações ilícitas e causando grandes prejuízos. A família retomou o Banco Espírito Santo posteriormente.

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O processo de internacionalização da Portugal Telecom, iniciado em 1997, esbarra com o mercado brasileiro de telecomunicações em 1998, com a aquisição de importantes entidades, como a Telesp Celular, Telesp Fixa e a Companhia Riograndense de Telecomunicações (CRT). Uma das etapas de privatização no Brasil aconteceu no governo de Fernando Henrique Cardoso, tendo como marco a aprovação da Lei de Concessões, em fevereiro de 1995. O objetivo era criar regras gerais para o governo conceder a terceiros o direito de explorar a produção de serviços públicos, a exemplo do setor de geração de energia elétrica e de telecomunicações. A privatização dessas áreas exigiu um esquema complexo de regulação, para alcançar a maior competição do setor, na promessa de eliminação do monopólio público. A maioria dos compromissos de investimento feitos pela Portugal Telecom na época ainda estão no papel.

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Ações da Oi lideram Ibovespa após acordo com Portugal Telecom

As ações preferenciais da Oi lideraram o Ibovespa por todo o pregão e encerraram o dia cotadas a R$ 1,52, com alta de 4,11%. A empresa anunciou um acordo definitivo para a fusão com a Portugal Telecom, ajustado por conta das dívidas de 897 milhões de euros assumidas pela portuguesa com a Rioforte, holding do Grupo Espírito Santo (GES), informa o jornal Valor.

No acordo firmado ontem, a PT entregará ações do capital da Oi para a própria companhia e receberá em troca os títulos de dívida da Rioforte. A proporção da permuta foi mantida em relação ao acordo preliminar divulgado no dia 16. Serão 474,3 milhões de ações ordinárias e 948,7 milhões de preferenciais, que correspondem a 16,6% do capital votante e 16,6% do capital total da tele brasileira.

As principais mudanças em relação aos termos preliminares do contrato dizem respeito a restrições que a Oi impôs para que a PT recompre a parcela concedida como permuta por conta dos títulos da Rioforte.