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Parcela do câmbio na dívida interna fica abaixo de 10%

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Pela primeira vez, desde dezembro do ano passado, a parcela da dívida interna corrigida pelo câmbio ficou abaixo de 10%. Segundo números divulgados há pouco pelo Tesouro Nacional, a proporção da dívida mobiliária – em títulos – interna atrelada ao dólar passou de 10,57%, em maio, para 9,91% em junho. Foi a segunda redução mensal seguida no indicador.

Além da queda percentual, a dívida interna vinculada ao câmbio caiu em valores absolutos, de R$ 214,64 bilhões, em maio, para R$ 209,18 bilhões em junho. A fatia do dólar na dívida interna começou a subir no ano passado depois que o Banco Central (BC) decidiu vender dólares no mercado futuro para segurar a cotação da moeda norte-americana. Chamadas de swap cambial tradicional, essas operações aumentam a participação do dólar na dívida pública interna.

Apenas no ano passado, o BC injetou US$ 100 bilhões no mercado futuro. Neste ano, a autoridade monetária está leiloando US$ 200 milhões diários. Recentemente, o banco anunciou que continuará com os leilões de swap até pelo menos o fim do ano.

A proporção da dívida interna vinculada ao dólar está no maior nível desde novembro de 2004, quando atingiu 10,35%. O percentual leva em conta os critérios do BC. Ao considerar os parâmetros do Tesouro Nacional, que desconsidera as operações de swap da dívida pública, a fatia do câmbio é bem menor e caiu de 0,53%, em maio, para 0,51% em junho.

Apesar de estar no maior nível em oito anos, a exposição da dívida pública ao câmbio continua em percentuais inferiores aos observados em crises econômicas anteriores. Em dezembro de 1999, por exemplo, a parcela da dívida corrigida pelo câmbio somava 22,82%. Em dezembro de 2002, quando o real sofreu um forte ataque especulativo, a proporção chegou a 37%.

Depois de apresentar melhora em maio, a composição da Dívida Pública Federal (DPF) continuou a evoluir favoravelmente no mês passado. A proporção de títulos prefixados – com taxas definidas com antecedência – na dívida mobiliária interna subiu de 40,82% em maio para 41,85% em junho. A fatia dos papéis corrigidos por índices de inflação caiu de 38,36% para 37,69%. A parcela de títulos corrigidos pela Selic, taxa básica de juros da economia, subiu levemente, passando de 10,24% para 10,56%.

Com taxas definidas antecipadamente, os títulos prefixados são preferíveis para o Tesouro Nacional, porque dão maior previsibilidade à administração da dívida pública. Em contrapartida, os papéis vinculados à Selic representam mais risco, porque pressionam a dívida para cima, caso o BC tenha de reajustar os juros básicos por causa da inflação.

O prazo médio de vencimento da DPF caiu para 4,32 anos em junho, a segunda queda mensal seguida. O Tesouro Nacional não divulga o resultado em meses, apenas em anos. A participação dos vencimentos nos próximos 12 meses ficou praticamente estável, passando de 28,74% para 28,63%. Prazos mais longos são favoráveis ao Tesouro porque dão ao governo mais tempo para planejar e executar as operações de rolagem (renegociação) da dívida pública.

Por meio da dívida pública, o governo pega emprestado dos investidores recursos para honrar compromissos. Em troca, compromete-se a devolver os recursos com alguma correção, que pode ser definida com antecedência, no caso dos títulos prefixados, ou seguir a variação da taxa Selic, da inflação ou do câmbio.