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Estaleiro em crise no Rio pode demitir até três mil funcionários

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Trabalhadores do Estaleiro Ilha S.A. (EISA) estão em férias coletivas desde o dia 8 de junho e só retornariam ao trabalho nesta segunda-feira (14), após um adiamento do retorno, marcado inicialmente para o dia 30 de junho. NO entanto, segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro (Sindimetal-Rio), Alex Santos, a empresa decidiu prolongar mais uma vez as férias coletivas até o dia 28, quando promete a volta ao trabalho. Os trabalhadores fizeram uma manifestação na manhã desta segunda-feira (14) e promovem uma nova manifestação na próxima quarta-feira (16), na Candelária. Segundo eles, os salários estão atrasados há mais de um mês, e o vale-refeição não é distribuído há dois meses. O medo é que a empresa dispense os funcionários.   

Segundo Alex Santos, o Estaleiro Ilha informou que está tentando mudar o controle acionário da empresa e pediu o prazo até o final do mês para negociações. Sobre o risco do fim da empresa, ele comenta: “Eu diria que esse risco existe, seria leviano dizer que não”.

A deputada federal Jandira Feghali, que vem acompanhando as negociações, informou que hoje aconteceu uma reunião com o Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval) e que outra está marcada para a próxima quarta-feira (16). Segundo ela, a situação da empresa pode levar às demissões. “A resposta hoje é a seguinte: eles estão sem fluxo financeiro e buscam arranjar um sócio investidor ou vender. Se até o dia 28 não houver nenhum investidor, pode haver o fechamento do grupo”, comenta. 

O Sinaval foi contatado e respondeu que não poderia falar sobre as negociações, direcionando o contato para a EISA que, por sua vez, não respondeu até o fechamento desta matéria.

Para Luís Claudio Maia, diretor estadual da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e funcionário da EISA, falta um posicionamento mais firme por parte da empresa. “Eles não têm respondido de forma adequada, porque não te dão uma posição real. A questão vai se estendendo, e vamos criando expectativa. O que ficou claro hoje é que há indícios de fechar a empresa e isso preocupa muito o sindicato e o pessoal da CUT. São três mil famílias, um estaleiro com a maior carteira de embarcações a serem feitas do Brasil”, comenta ele.  

Para Cláudio, o que prejudica a empresa é a má gestão. “Não era para a gente estar assim. Está faltando uma verdade dos lados dos empresários. Porque tem financiamento e investimento. Onde foi gasto o dinheiro do Fundo da Marinha Mercante, do BNDES? O empresário não tem responsabilidade com o trabalhador”, completa Cláudio.

Ele ainda critica as condições de trabalho. “Eles reclamam de falta de produtividade, mas os estaleiros são velhos, ultrapassados, não tem maquinário novo, não há investimento no trabalhador”.  Os trabalhadores também denunciam falta de material de proteção individual, infraestruturas ruins nos banheiro e em relação a comida servida nos refeitórios.

Manifestação termina em confronto com a polícia

Cerca de 400 trabalhadores do EISA fizeram uma manifestação na manhã desta segunda-feira (14) pelas ruas da Ilha do Governador, com intenção de chegar até a Avenida Brasil. Eles protestam contra os atrasos do salário e benefícios. Durante o protesto, os trabalhadores foram reprimidos pelo Batalhão de Choque da Polícia Militar, na Estrada do Galeão.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro (Sindimetal-Rio), Alex Santos, que estava na passeata, acredita que a Polícia viu como perigosa a passagem dos trabalhadores por perto dos acessos ao aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão). “Chegou um dado momento em que houve um confronto com a PM. Os trabalhadores foram atacados com bombas de efeito moral, balas de borracha. A intenção dos trabalhadores era ir até a Avenida Brasil, e como passaria muito perto aos acessos dos aeroportos, eles acharam que poderíamos impedir o trajeto para o aeroporto, e muitas das delegações internacionais estão indo embora hoje”, comenta o presidente. 

Ele ainda completa, sobre a violência da PM: “É a praxe normal em uma manifestação quando se trata do Batalhão de Choque”.

Luís Claudio, também critica a ação da polícia: “Eles foram fazer uma passeata pacífica, não havia motivo das bombas, eram trabalhadores reivindicando seus direitos”, critica. A PM foi procurada para comentar o caso, mas não respondeu até o final desta matéria.