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Economistas analisam prós e contras da tendência econômica chinesa

Após anúncio do PIB chinês, especialistas veem com expectativa consequências para o Brasil.

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Segundo dados divulgados nesta quarta-feira, a China registrou um crescimento de 7,4% no primeiro trimestre de 2014, o que representou uma evidente desaceleração em relação ao mesmo período de 2013. De acordo com Rodolfo Oliveira, economista da Tendências Consultoria, o crescimento, apesar de baixo, foi além do esperado. "O desempenho da indústria de transformação foi muito fraco nos dois primeiros meses de 2014. A dúvida era se aconteceria uma recuperação. Os valores foram melhores em março, assim como os do varejo também", garante.

Oliveira explica que a desaceleração se deve ao esgotamento do modelo econômico do país. "Há certo esgotamento desse modelo baseado em investimentos em infraestrutura, crédito subsidiado e expansão do crédito. As instituições financeiras colocam dinheiro no mercado para financiar investimentos, mas o endividamento do governo tem um limite", explica. Pedro Rossi, economista da Unicamp, também aponta como causa a transição do modelo de crescimento. "A China está em um momento de transição. Cresceu muito nos últimos 20 anos, com forte dinamismo do comércio externo e uma acumulação de superávit muito forte. Esse modelo sofreu um baque na crise de 2008, que reduziu a demanda externa. O que a China vem fazendo de maneira muito lenta é se voltar para o mercado interno,ser menos dependente", afirma. "Os chineses sabem que o crescimento não vai voltar a 10%. Entretanto, a China ainda é uma grande potência,só mudam as características", continua.

Em relação às possíveis consequências para o Brasil, Oliveira acredita que o índice de 7,4% não deve influenciar a economia. Caso o crescimento da China diminuísse para 6%, o economista assegura que o prejuízo seria grande. "Ocorreria a redução da demanda por commodities, como o ferro e os produtos agrícolas. O principal comprador destes produtos é a China", aponta. O especialista da Unicamp reforça essas preocupações, mas acrescenta que uma forte desaceleração poderia ajudar a indústria brasileira. "O encarecimento dos produtos industriais chineses daria uma folga competitiva para a indústria brasileira. Eles não viriam com tanta força, ou, pelo menos, se especializariam em mercados de alta tecnologia", supõe.

Rossi destaca que a China tem exercido um papel muito importante globalmente, e que a redução do superávit chinês teria como contrapartida um aumento do superávit norte-americano. "São economias muito ligadas, é difícil dizer se o baixo crescimento seria bom para os Estados Unidos. Mas, de alguma forma, a redução do superávit chinês seria positiva para o parque produtivo americano recuperar o crescimento industrial", conclui.

Nesta quarta-feira, as bolsas ao redor do mundo fecharam em: +1.51% (São Paulo), +0.65% (Londres), +3.44% (Milão), +1.39% (Paris) e +1.57 (Frankfurt). Às 17h, horário de Brasília, as bolsas dos Estados Unidos ainda não haviam fechado, mas apontavam +0.9% (Dow Jones) e +1.3% (Nasdaq).

*Programa de Estágio JB