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'Clarín': Inflação e crescimento fraco, reviravoltas para o Brasil em 2014

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De acordo com uma reportagem divulgada nesta segunda-feira (20/1), no jornal Clarín, a economia brasileira teve recuos em 2013 e terá vulnerabilidades neste ano. O fator citado pelos economistas dá conta de uma preocupação do governo de Dilma Rousseff com o processo inflacionário. A matéria entitulada "Inflação e crescimento fraco, tropeços para o Brasil em 2014", informa que em dezembro foi registrado um aumento anual de 5,91%, perto do teto (6,5%). Os economistas enfatizam o baixo crescimento, que será de cerca de 2,4%.

"Estes são dados que irão impactar na Argentina. O Brasil é o maior parceiro comercial do nosso país", destaca o veículo. Especialistas e agências de risco internacionais, acrescentam ainda um elevado déficit em conta corrente (3,57% do PIB) e uma situação fiscal que está se deteriorando. Quarta-feira passada (15/1), o Banco Central estimou que o déficit de 2014 (a diferença entre os recursos recebidos do exterior e remetidos para fora) em 78 milhões de dólares. Somadas, todas essas circunstâncias seriam um indicador da "vulnerabilidade" do Brasil. No entanto, nem os adversários mais ferrenhos da presidente Dilma Rousseff apostam num desastre, com o descontrole de algumas ou todas as variáveis.

Muitos especialistas afirmam que, apesar dos números, a economia brasileira já passou pelo seu pior momento, no segundo semestre do ano passado. Concordam que este ano terá um crescimento ainda menor, em termos percentuais, mas com tendência para o progresso, em função de melhora moderada da economia global. A verdade é que há uma situação confortável no emprego, já observada, com uma taxa de desemprego de 7%, e as empresas operando no limite da capacidade. 

É a partir desse ponto que muitos esperam que Dilma possa ser reeleita em outubro. A menos, é claro, que o ex-ministro Delfim Netto, antes das eleições, defina como uma "tempestade perfeita" uma forte desvalorização do real frente ao dólar e a conseqüente instabilidade e inflação acelerada.

O governo tem mostrado uma grande prudência e, como afirma o professor José Luis Oreiro "sustenta a racionalidade" nas políticas fiscais e monetárias. Na verdade, o ministro das Finanças, Guido Mantega, disse na última sexta-feira (17), que o governo aumentou o superávit primário (receitas menos despesas, bruto de pagamentos). É verdade que os dados positivos foram divulgados em um relatório divulgado um dia antes: o equilíbrio da balança comercial foi positivo em apenas 2.561 milhões de dólares em 2013, comparando com cerca de 20 mil milhões de dólares alcançados em 2012.

O economista Francisco Lopes, ex-presidente do Banco Central no início de 1999, e que teve a missão de equilibrar a economia nacional no governo de Fernando Henrique Cardoso, quando houve a desvalorização do real, afirmou ao Clarín que a posição fiscal do Brasil é "muito confortável", em comparação com outros países. Na sua opinião, o nível de endividamento em relação ao PNI é preocupante: "A dívida bruta em relação ao PIB é de 60%, mas 20% é com reservas. Em outros lugares, geralmente é de 90% e até 100%, destaca. Lopes considera essa projeção essencial para a "política de taxas de juros".

O Clarí diz que a análise estratégica é justa no sentido de reduzir o interesse por uma  desvalorização do real. "Isso foi um custo inflacionário, mas foi feito dentro de certos parâmetros julgado. Agora entendemos que as novas configurações da taxa de juros, que subiu na semana passada, só se justifica como uma medida temporária para controlar a inflação. Mas não tão permanente, porque o Brasil se tornaria uma economia rentista", explica o economista ao Clarí.

Para o economista Oreiro, um dos problemas é que a equipe econômica brasileira "é baseada em reservas internacionais para impedir uma desvalorização repentina". Na sua opinião, as reservas de 375 milhões de dólares são de dinheiro emprestado. "Eles são de investimentos feitos por estrangeiros para comprar ativos reais. No momento em que eles pedirem o dinheiro de volta, vamos ter que pagar", disse Oreiro.