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Cheques sem fundo chegam a 2% em novembro

Maiores índices de inadimplência acontecem em março emaio

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O indicador do Serasa Experian divulgado hoje sobre novembro mostra que, do número total de cheques emitidos no mês, 2% eram sem fundo. Isso significa que, de cada 100 cheques, dois possuíam fundos insuficientes. O número é maior do que o registrado no mesmo período de 2012, quando o índice ficou em 1,96%. 

Segundo Luiz Rabi, economista do Serasa Experian, o resultado é normal nessa época, mas é preciso ficar de olho, já que a inadimplência vinha caindo. “Novembro é um mês de maior incidência, costuma ter um crescimento. Isso por conta das compras do dia das crianças, que começam a ser debitadas, que se juntam aos gastos do Natal. No entanto, a maioria das ocorrências desse ano vinha em queda, então é importante verificar se haverá uma reversão de tendência”, explica.

Apesar do aumento do número de cheques devolvidos em novembro, ele não chega a ser o pior mês do ano. De acordo com Luiz, os índices oscilam entre 1,8% e 2,5%, e o período de maior inadimplência é atingido em março, graças à concentração de pagamentos no período como IPTU, IPVA e material escolar. Em segundo lugar, aparece maio, trazendo maior inadimplência por causa das compras de dias das mães.

Para dezembro, as expectativas são de que esse índice melhore, já que a segunda parcela do 13º salário cai na conta dos trabalhadores. “Nem todo mundo recebe a primeira parcela desse benefício em novembro. Na maioria das vezes, quem sai de férias tem a possibilidade de retirar logo esse pagamento, por exemplo. No entanto, em dezembro, a segunda parcela normalmente é uma certeza. Essa entrada faz a inadimplência cair”, conta.

A melhor forma de controlar a emissão de cheques sem fundo é fazer um planejamento financeiro, de acordo com Luiz. “A inadimplência sobe não porque as pessoas não querem pagar e sim porque elas se apertam, acumulando parcelas e financiamentos. Não há outra solução para esse problema a não ser um bom planejamento financeiro”, diz. Ele conta ainda que alguns outros fatores podem alterar esse índice como a inflação vista no começo do ano e o desemprego. No entanto, na atual conjuntura do país, com inflação controlada e taxa alta de empregados, esses motivos não chegam a afetar o resultado.

Luiz lembra ainda que o uso dos cheques como forma de pagamento cai, em média, 10% por ano. Nesse ano, até agora, foram emitidos 796 milhões, enquanto no mesmo período de 2012, esse número chegava a 841 milhões. Segundo ele, isso não é um problema, já que o valor médio gasto em cada cheque cresce, indicando que essa forma de pagamento está voltando ao seu objetivo principal: pagar valores altos. “Antigamente, por conta da inflação, o cheque era usado para tudo, pagando quantias baixíssimas. Com a inflação estável e disseminação do crédito a partir de 2004, o cheque deixou de ser um método de parcelamento e voltou a ser usado para pagamento de valores altos”, explica.

*Do programa de estágio do Jornal do Brasil