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Produção industrial do país ainda encontra obstáculos

Burocracia e fraca competitividade são os grandes problemas

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A produção industrial do país aumentou 0,6% em outubro, segundo pesquisa divulgada hoje (4) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar do crescimento, muitos aspectos devem ser melhorados, segundo funcionários dos setores industriais. A burocracia do mercado e a luta pela competitividade internacional são apontadas como os principais obstáculos.

“É preciso rever o processo de recolhimento de impostos e regulação. Hoje toda atividade da empresa é exageradamente regulamentada. Se vai consumir água, existe toda uma legislação. Se vai consumir energia, idem. Pras empresas estarem com todas as regulamentações em dia, só tendo uma estrutura enorme. Em todas as pesquisas que fazemos a burocracia piora ano a ano”, explica Luiz Rochel, gerente de economia da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee).

Segundo ele, grande parte do crescimento da produção industrial brasileira apontada pelo IBGE e inclusive do setor de eletrônica é motivada pelo período do ano, já que o último trimestre costuma ter uma aceleração para atender as vendas natalinas. No entanto, de acordo com Luiz, 2013 mostra um “ritmo bastante modesto” para o setor. “Comparando com outubro do ano passado, é possível perceber um grande aumento em máquinas de escritório e equipamentos de informática. Nos demais setores, a mudança foi bem pequena”, conta.

O “ritmo modesto” apontado por Luiz pode ser explicado pela falta de competitividade do produto nacional, principalmente se comparado com a produção chinesa. Denis Ribeiro, do departamento de economia da Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação (Abia), acredita que o chamado “Custo Brasil” influencia muito a concorrência. “Para um país ser competitivo em nível de agricultura e indústria, é preciso o material bruto agrícola. Nessa questão, há diversos fatores bloqueando o progresso. A logística, por exemplo, é um problema sério. Agora estão começando a colocar portos e rodovias em regime de concessão, mas a ferrovia, por exemplo, é um transporte barato que continua travado”, aponta.

Os tributos brasileiros são outro problema para a indústria, sendo uma crítica quase unânime entre os agentes dos setores. De acordo com Denis, a indústria brasileira de alimentos é uma das mais taxadas do mundo. “O sistema tributário do país é muito complexo,  e o nosso setor é um dos que mais sofre. O alimento aqui é super taxado, se tornando um dos maiores impostos do mundo. Se houvesse um padrão internacional de taxação, a produtividade com certeza seria bem maior”, diz. Luiz Rochel, da Abinee, concorda. Segundo ele, ações corretivas no setor de tributação devem ser tomadas o mais rápido possível.

*Do programa de estágio do Jornal do Brasil