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Déficit do fluxo cambial não é preocupante e deve melhorar

Especialista afasta pessimismo e aposta em melhora do indicador

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Apesar do déficit do fluxo cambial de US$ 6,200 bilhões registrado no mês de outubro, divulgado nesta quinta-feira (6) pelo Banco Central, especialistas apontam que o indicador deve ser olhado com atenção, mas não é preocupante. Para eles, o resultado faz parte de um contexto de insegurança e as oscilações do saldo de entrada e saída de moeda estrangeira no país são normais. O país registrou resultado negativo no fluxo financeiro de US$ 5,137 bilhões, enquanto o fluxo comercial registrou déficit de US$ 1,063 bilhão. Foi o quinto resultado negativo consecutivo.

>>Fluxo cambial registra quinto saldo negativo consecutivo em outubro

O professor da Unicamp Pedro Rossi, membro do Instituto de Economia da universidade, explica que o resultado é um reflexo natural do cenário econômico instável. Também explica que o resultado não deve ser usado como parâmetro para avaliar o balanço de pagamento, já que o câmbio pode ser valorizado mesmo com o índice negativo de fluxo cambial.

“Esse indicador é conjuntural, o fluxo financeiro tem sido negativo ultimamente, e é um resultado natural diante da incerteza em relação ao cenário internacional. O fluxo comercial tem flutuado, o saldo do fluxo comercial desse mês foi melhor que no mês passado, e deve melhorar por conta da melhora das contas externas. O indicador do fluxo é diferente do balanço de pagamento, não necessariamente prevê o movimento do câmbio, porque o câmbio pode ser deslocado desse fluxo. Alguns meses têm fluxo financeiro positivo e o câmbio desvaloriza, pois ele se mede mais pelos estoques de moeda, por exemplo. Eu não vejo esse indicador como algo preocupante”, explica Pedro Rossi.

O saldo negativo de outubro foi o maior desde dezembro de 2012, quando o déficit ficou em US$ 6,755 bilhões. No primeiro dia útil de novembro, o saldo ficou positivo em US$ 660 milhões. Este ano já acumula fluxo cambia negativo de US$ 5,361 bilhões e o responsável pela saída de dólares superior á entrada foi o segmento financeiro, com saldo negativo de US$ 14,465 bilhões, enquanto o fluxo comercial teve resultado positivo de US$ 9,104 bilhões.

Levando em conta a vantagem do fluxo comercial, o economista afasta o pessimismo e prevê melhoras sustentadas pelas operações de câmbio relacionadas a exportações e importações. “É um processo [de melhora] natural, o Brasil atrai capital estrangeiro em cenários benéficos, e repele quando cenário muda. Do ponto de vista do fluxo financeiro, é um movimento natural e, inclusive, já foi pior. Ano passado, a saída foi de R$ 6 bilhões só do fluxo financeiro. Do ponto de vista do fluxo comercial, a mudança depende muito do movimento das grandes empresas, se contratam muito câmbio, se adiantam o pagamento das exportações. Acho que esse fluxo vai se reverter em algum momento, o saldo [do fluxo comercial] já está melhorando”, aposta.