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Vale suspende o maior investimento que fazia na Argentina

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A mineradora brasileira Vale anunciou oficialmente através de um comunicado “ao mercado” que "suspendeu" de forma indefinida o projeto da mina de potássio Rio Colorado em Mendoza. Para a empresa, a decisão é uma consequência da "situação macroeconômica atual" na Argentina e dos "fundamentos econômicos do projeto", que segundo a empresa "não estão de acordo com a disciplina do investimento de capital e da criação de valor.” Dito de outra forma, a mineradora não pretende no momento abandonar o empreendimento, no qual afirma que foram investidos 2.2 bilhões de dólares. No entanto, demitirá funcionários, diz artigo publicado no Clarín.

Na noite passada, o governo argentino acusou a Vale de tomar uma decisão unilateral, de pedir benefícios por US$ 3 bilhões extras e de "abandonar" o projeto.

Com as obras foram interrompidas em dezembro último, até agora a empresa tinha preservado os 4 mil funcionários, com a expectativa de resolver o impasse criado nas negociações com o governo de Cristina Kirchner, que em teoria deveria ter sido resolvido na reunião de cúpula da presidente com sua colega do Brasil Dilma Rousseff. A reunião bilateral, marcada para quinta-feira e sexta-feira, foi cancelada pela morte do ex-presidente Hugo Chávez. Mas depois de terminar o funeral e com ambas governantes de volta a seus países, não há indicação de quando poderiam ser restabelecidas as deliberações, diz o artigo.

Segundo a Vale, "se retomar o projeto, será dada prioridade aos empregados atuais." Ela acrescenta que "continuará a buscar soluções para melhorar a economia do projeto para então avaliar a retomada." Com esta suspensão, a empresa em realidade redobrou sua aposta contra as exigências nas demandas que pretende fazer na Argentina (e que esta lhe havia negado até o momento) para continuar com as obras de mineração, sobre a colocação de ferrovias e a construção de um terminal no porto de Bahia Blanca.

Ao deixar o empreendimento no limbo, sem tentar negociar a venda, bloqueia qualquer tentativa do governo de transferir os ativos para outras empresas que possam estar interessadas ??em continuar com o Rio Colorado. Ao mesmo tempo bate onde dói: a demissão de trabalhadores, o que deve acontece em um ano eleitoral, diz a reportagem.

Na semana passada, o ministro brasileiro do Desenvolvimento e Indústria Fernando Pimentel recebeu de seus colegas argentinos uma informação: o país não cederá às exigências da Vale. Essas demandas da empresa brasileira apontam em duas direções: a melhoria da taxa de câmbio para a renda de dólares de investimento e conseguir uma redução de impostos (o IVA), nesta fase do projeto. De acordo com os executivos da empresa, a inflação "alta" na Argentina, e uma taxa de câmbio inadequada, eventualmente, quase que dobrou os custo do investimento, estimado em US$ 6 bilhões, diz a reportagem.

O confronto eclodiu no final de dezembro e continuou em janeiro, quando o governador Francisco Pérez Mendoza ameaçou tomar a concessão da mineradora. Uma visita no início de fevereiro realizada por Pimentel abriu um canal de negociação. Mas em 4 de março, em Buenos Aires, durante a última reunião com a equipe econômica da Argentina, esses esforços se desvaneceram, prossegue o texto do Clarín.

Para a Argentina, este é uma empreendimento chave: é o maior investimento de uma empresa estrangeira no país. Também é verdade que para a Vale é um de seus mais ambiciosos projetos internacionais, e com mercado garantido.

Alega-se que 90% da produção seria exportada para o Brasil, um país com forte demanda por fertilizantes, conclui a reportagem.