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Dilma reage à The Economist sobre demitir Mantega

Especialista: "revista apoiou políticos que aprofundaram a recessão européia"

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A presidente Dilma Roussef afirmou que em "hipótese alguma" vai ser influenciada pelas críticas da revista britânica The Economist, que sugeriu a demissão do ministro da Fazenda, Guido Mantega. "O governo brasileiro eleito pelo voto direto e secreto não vai ser influenciado por uma opinião de uma revista que não seja brasileira", disse.

Ela acrescentou que nunca viu "nenhum jornal propor a queda de um ministro" e destacou que, "diante dessa crise gravíssima pela qual o mundo passa, com países tendo taxas de crescimento negativas, não houve, no Brasil, escândalos, quedas de bancos, quebradeiras".

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, já havia rebatido as críticas da publicação, afirmando que "no dia em que a Economist nomear ministro no Brasil, deixaremos de ser uma República Federativa”. Ele acrescentou que em 2013, o PIB brasileiro estará “certamente acima da média mundial".

>> Mantega evita comentar artigo que sugere sua demissão

O economista Pedro Paulo Bastos, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), afirmou ironicamente que, já que a revista pode sugerir demissões no Brasil, deveria também propor "a renúncia dos primeiros ministros que ela apoiou na Europa, por exemplo o David Cameron e Mariano Rajoy, por realizarem políticas que aprofundaram a recessão no continente". 

Especialista na área, o economista Julio César Insaurralde, diretor da Verax Consultoria, também considerou o conteúdo da revista ortodoxa "exagerado". Segundo ele, as críticas partem de uma cobrança do mercado, que gostaria de um governo mais flexível, "mais solto".

A reportagem, publicada na última edição impressa da revista, cobra a mudança da equipe econômica do Brasil pela presidente Dilma Roussef e afirma que o governo tem feito muitas intervenções na economia, deixando os empresários e o mercado inseguros. O periódico ainda destaca a queda na taxa de investimento em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) como um das causas do baixo crescimento.

Na última segunda (3), a publicação já havia criticado a postura do governo brasileiro na área econômica, afirmando que o Brasil era "complacente" com os problemas estruturais do país, "se dando ao luxo de ser muito caro". 

"Precisamos de uma nova política econômica e industrial mesmo, mas as críticas da revista são exageradas. Acho que ele não tem correspondido com as expectativas do mercado, que esperavam um ministro mais solto", comenta Insaurralde.