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Atual situação econômica exige ousadia e coragem, diz Dilma

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Brasília - A presidente da República, Dilma Rousseff, discursou nesta terça-feira, durante ao lançamento do Plano Brasil Maior de política industrial fazendo uma crítica às "ambições regionais ou corporativas" de alguns países e ressaltando que o Brasil precisa de "ousadia" para enfrentar a turbulência internacional. Para a presidente, o Brasil está preparado para enfrentar a crise, mas não pode se declarar "imune" aos seus efeitos.

"Tudo indica que o Congresso americano aprovará hoje um pacote de medidas que amplia a capacidade de endividamento dos Estados Unidos. Isso evitará o pior, mas o mundo viverá um longo período de tensão econômica resultado dramático da insensatez, da incapacidade política e da supremacia de ambições regionais ou corporativas de alguns países sobre as necessidades globais", iniciou a presidente.

"Sabemos que vivemos um período de turbulência em que o excesso de liquidez imposto pelos países ricos em direção aos emergentes resulta em opressivo desequilíbrio cambial. A insensatez pode ter sido evitada, mas a instabilidade produzida lá fora vai continuar".

Para Dilma, o Brasil "tem condições de enfrentar essa crise prolongada, mas não pode se declarar imune aos seus efeitos". "Temos hoje 60% mais reservas do que tínhamos em 2008, quando a primeira fase da crise atingiu o mundo. Fomos, naquela época, o primeiro país a superar aquele período difícil e temos condições de fazê-lo de novo. Mas, assim como em 2008, o momento hoje exige coragem e ousadia. É preciso proteger nossa economia, nossas forças produtivas, nosso mercado consumidor, nosso emprego".

"Aos que pensam que num momento de incerteza internacional como o que vivemos o mais prudente é não agir e esperar a onda passar, eu contra-argumento, amparada na experiência que tivemos no período de 2008 e 2009: é justamente numa situação de tensões no mundo que devemos mostrar, além do indispensável bom senso, uma boa dose de ousadia", destacou.

País precisa se defender de concorrência "predatória"

A presidente Dilma Rousseff classificou de "desleal" e "predatória" a concorrência que os produtos nacionais enfrentam com os importados. Em seu discurso, a presidente também ressaltou a necessidade de defesa da indústria, dos empregos e do mercado consumidor nacional.

"Estamos iniciando uma cruzada em defesa da indústria brasileira diante de um mercado internacional com uma competição na grande maioria das vezes desleal e predatória", disse, sobre o plano.

A presidente lembrou aos empresários que é preciso diálogo com o governo: "se a concorrência com os importados baratos e nem sempre de boa qualidade tem sido uma luta injusta, com a crise nos países desenvolvidos e a consequente retração de seus mercados internos, a concorrência pode se tornar ainda mais difícil para a indústria brasileira. Por isso temos de manter um diálogo sistemático".

"Hoje, mais do que nunca, é imperativo defender a indústria brasileira e nossos empregos da guerra cambial que reduz nossas exportações e, mais grave ainda, tenta reduzir nosso mercado interno, que construímos com grande esforço e muita dedicação", destacou.

As medidas de defesa devem ser implantadas, segundo Dilma, sem que se recorra ao "protecionismo ilegal que tanto nos prejudica e que tanto criticamos". E também sem ameaçar a estabilidade macroeconômica do País, sem abrir mão da arrecadação "necessária para atender às demandas indispensáveis da população" e sem desrespeitar os direitos dos trabalhadores.