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Lula diz que Brasil decide em maio se integra Banco do Sul

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REUTERS

BUENOS AIRES - O Brasil decide se fará parte do Banco do Sul, uma instituição financeira regional incentivada pelo presidente venezuelano, Hugo Chávez, após uma reunião de ministros sul-americanos em 3 de maio em Quito. A informação foi dada nesta sexta-feira pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O projeto é visto por analistas como um potencial concorrente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), do qual os Estados Unidos são o maior acionista.

- Todos queremos criar instrumentos de financiamento para países da América do Sul... Vamos ter uma reunião em 3 de maio em Quito, da qual o ministro da Fazenda do Brasil vai participar junto com os ministros de Argentina, Venezuela... para que se discuta qual é a finalidade desse banco - disse Lula em Buenos Aires.

Pressionado pela imprensa para que defina se o Brasil entrará ou não no projeto, Lula disse: - Não há ninguém dentro ainda.

- Depois dessa reunião no Equador, se o ministro da Fazenda entender que o banco tem uma finalidade que pode ajudar a América do Sul, o Brasil não tem problema em participar - acrescentou.

O Brasil tem criado objeções à forma com foi apresentada o projeto e Lula, que passou meio dia em Buenos Aires para se reunir com o presidente argentino, Néstor Kirchner, deixou claro que ainda há muitos obstáculos.

Falta definir se 'é um banco de financiamento, é um banco para o desenvolvimento da região, qual será a participação de cada país, de que forma vamos participar', ressaltou.

- Para aderirmos a um banco é necessário que haja sustentabilidade na idéia... que seja uma instituição financeira de muita credibilidade e, para isso, necessitamos resolver toda e qualquer divergência política que exista - completou.

ENERGIA

Lula disse que em seu encontro com Kirchner falou sobre as alternativas para uma maior integração energética entre os dois países, no momento em que o Brasil lidera regionalmente os planos para impulsionar a produção de biocombustíveis.

Esse projeto, que foi apoiado recentemente pelo presidente dos Estados Unidos George W. Bush ao firmar acordos de cooperação com o Brasil, contrasta com as idéias de Chávez.

Presidente do quinto maior exportador de petróleo do mundo, Chávez defende que grãos como a soja, cultivo em que a América do Sul é líder mundial, devem ser usados principalmente para produzir alimentos numa região com altos índices de pobreza.

Consultado sobre essa questão, Lula também foi direto: - Não discutimos sobre etanol e Venezuela (...) Não discutimos porque o Brasil tem uma política de etanol há 30 anos e essa política só tem crescido.

- O mundo, para cumprir o protocolo de Kioto, tem que descontaminar os atuais combustíveis e precisará misturar etanol com outros tipos de combustível. É apenas uma questão de tempo - acrescentou.