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Dançando na rua e no palco: Festival reúne companhias locais e internacionais de hoje a domingo

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Iniciada em Paris, com escalação internacional e passagem por cidades do Sul, a 16ª edição do evento Dança em Trânsito começa hoje no Rio de Janeiro, onde segue até domingo, destacando apresentações gratuitas em espaços abertos, como a orla central, entre a Praça 15 e a Zona Portuária. 

Serão mais de 20 espetáculos de dança, durante sete dias, com atrações do Brasil e de mais seis países – da Coreia do Sul a Burkina Faso, passando por Espanha, França, Suíça e Eslovênia. 

Curadora do evento, a dançarina e coreógrafa Giselle Tápias ressalta o intercâmbio entre as companhias dos diferentes países e a introdução de novos talentos da dança contemporânea como os principais objetivos do festival – além, é claro, de entreter os espectadores. “Procuramos o público mais amplo possível. Por isso, promovemos os atos gratuitos, em locais de boa visitação, ou com ingressos a preços populares”, enfatiza. 

A maioria das atrações será no Centro, mas a abertura – hoje, às 11h30 – acontece no Corcovado. Lá no alto, a Cia. Jézsef Trefeli & Gábor Varga, do Chile, abre o braço carioca do 16º Dança em Trânsito, fazendo a coreografia “Jinx 103”, de 20 minutos. 

A sequência, às 12h, já é com um grupo do Rio: a Nimo Cia. de Dança, que apresenta, em frente ao Cristo Redentor, os espetáculos “Rotas” (20 minutos) e “No tempo” (25 minutos) – essas apresentações não serão cobradas dos espectadores, que, para as assistirem, entretanto, já terão que ter pagado pelo passeio ao Corcovado, de trem ou van. 

O mesmo grupo chileno volta a se apresentar com entrada franca, porém, às 19h quinta-feira, na varanda da Casa França-Brasil (Rua Visconde de Itaboraí, 78, Candelária), junto com a Cie Sens Interieur Brut, da França, que apresenta “La Bambina Impertinente”, em 15 minutos. 

Um dos principais pontos de apresentação do festival, a Casa França-Brasil também terá espetáculos em seu palco interno, a R$ 20. O outro local de apresentações pagas é o Teatro Sesc Ginástico, na Avenida Graça Aranha, 187, Castelo, com ingressos a R$ 30. 

No fim de semana, duas programações abertas encerram a temporada carioca do Dança em Trânsito na reformada Zona Portuária. No sábado, a partir das 16h, na Praça Mauá serão três atrações brasileiras – a Focus Cia. de Dança, com “Trupe”; Mara Bastos, apresentando a coreografia “Por tantas vezes”; e João Rafael Neto, com seu “Bolero”. Além deles, se apresenta Romual Kabora, de Burkina Faso. 

A Focus e João Rafael voltam a dançar no domingo, em um evento itinerante que vai do AquaRio à Candelária, passando pelos armazéns do cais e pelo Museus do Amanhã, de 13h a 17h. Além deles, se apresentam mais duas companhias brasileiras – Trânsito, com “Trilha” e Muoreve, com a extensa “Trilha”, de 50 minutos – e outras três de dois países europeus.

Originais e clássicos recriados 

No percurso aberto que encerra o 16º Dança em Trânsito no Rio de Janeiro, do AquaRio ao gramado externo à Casa França-Brasil, o velho continente traz o duo espanhol Guy Nader e Maria Campos, com “Zenith”, e duas atrações da França: o solo “Valse em trois temps” (“Valsa em três tempos”), de Christian and François Ben AÏm, e “Ouroboros”, do Grupos Tápias – este de Flávia Tápias, irmã de Giselle, com trabalho radicado em Paris, e que também participa da curadoria do festival.

 A conexão francesa ainda inclui a presença da curadora francesa Anette Jannot, produtora do festival Journée Danse Danse, em Paris, e que vem ao Rio observar os grupos locais.

“Estou trazendo ela dentro da nossa proposta de trabalho de exposição de novos talentos”, explica Giselle Tápias. “Na escolha do elenco, priorizo os grupos jovens, companhias cariocas emergentes, porque eles têm menos oportunidades de se mostrarem à cena internacional. Do Brasil, é muito difícil viajar para dançar, então a gente traz os curadores de fora. É como uma vitrine em que expomos os nossos dançarinos e vice-versa, promovemos esse intercâmbio entre as companhias”.

A iniciativa não é isolada, já que o Dança em Trânsito, iniciado no Brasil em 2002, faz parte de um projeto internacional – o “Ciudades que danzan” reúne 41 cidades das mais diversas partes do mundo para difundir a dança contemporânea e trocar experiências entre companhias de locais distantes. 

Já o estilo, segundo ela, não pesa na escolha das atrações. “Não tenho um segmento preferido, procuro o trabalho profissional. Tem dança contemporânea com desconstrução do clássico, outro de característica mais conceitual, outro com dança urbana... tem para todos os gostos”, afirma a curadora do Dança em Trânsito.

Na parte dessa desconstrução, Giselle Tápias aponta a companhia coreana Ahn Sooyoung Company, que faz uma versão do clássico “O lago dos cisnes”. Da coreografia em quatro atos, de Václav Reisinger sobre a música de Piotr Ilitch Tchaikovsky, estreada em 1877, no teatro Bolshoi, em Moscou, e adaptada posteriormente por Marius Petipa, o grupo contemporâneo de Seul apresenta uma versão com apenas cinco dançarinos, sem caracterização, em cerca de 27 minutos. Eles se apresentam uma única vez nesta edição carioca, às 19h de amanhã, no Teatro Sesc Ginástico.

Um destaque especial, conforme a produção do festival, é a participação de Angel Vianna. Aos 90 anos, a coreógrafa mineira, criadora do grupo Teatro em Movimento, se apresentará com Ana Vitória Freire, que lançou até um livro sobre ela, “Angel Vianna – Uma biografi a da dança contemporânea”, em 2005. 

Explorando o universo feminino e seus ritos de passagem da puberdade, maternidade e velhice, a performance “Ferida sábia”, de Ana Vitória, será exibida às 20h30 de quinta-feira, no palco da Casa França-Brasil. 

Para quem procura impacto, uma aposta da curadora é a  Companhia GN-MC, duo espanhol formado pelo dançarino Guy Nader e pela dançarina Maria Campos. Além do encerramento no domingo, quando dançam seu “Zenith” em frente ao Museu do Amanhã, em 17 minutos, a dupla ibérica se apresenta às 19h de quarta-feira no Teatro Sesc Ginástico, em um espetáculo bem mais extenso. Durante quase uma hora, Guy e Maria realizam os passos de “Time takes the time time takes” – nome-pegadinha que, em português. significa “O tempo toma o tempo que o tempo toma”.

Além da dança, essa performance conta com o músico Miguel Pavón, também espanhol, fazendo a trilha sonora na percussão. “Ele toca pratos e tambores de uma forma especial para a dança deles, em uma combinação muito impactante”, garante Giselle Tápias.

Angel Vianna e Ana Vitória também participam de um projeto formativo para professores de dança, a partir de uma proposta pedagógica de cada uma delas e de mais seis coreógrafos participantes: Flávia Tápias, Mariana Kadletz, Núbia Barbosa Raphael Ribeiro, Romual Kabore e Luciana Ponso. 

Já tendo passado por cidades de Santa Catarina, incluindo a capital Florianópolis, e do Rio Grande do Sul, o Dança em Trânsito prossegue pela semana seguinte, depois do Rio de Janeiro,  com uma data em Brasília (dia 14), antes de encerrar sua temporada brasileira nos dias 15 e 16, em Curitiba.

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Serviço 

16º DANÇA EM TRÂNSITO. De hoje a domingo, em diversos locais. Preços: de atrações gratuitas a R$ 30. Programação completa no site dancaemtransito.com.br