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Um retrato retocado no excesso: confira crítica do B sobre 'Bergman – 100 Anos'

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Já cercado de prestígio, ainda jovem, diante da conquista do Urso de Ouro de Berlim por “Morangos silvestres”, em 1958, Ingmar Bergman (19182007) explicou, ou tentou explicar, quem é em uma entrevista: “Vivo numa ansiedade sem causas tangíveis e, para me aliviar dela, eu preciso filmar”. A paixão pelo legado deixado pelo cineasta e diretor teatral - regada pelo fascínio provocado por suas reflexões existenciais sobre a finitude e a fluidez do espírito humano - faz com que qualquer investigação sobre seu passado pareça interessante, mesmo aquelas que se afogam no exotismo, na raia do caricato, como “Bergman – 100 Anos”. 

Lançado no Festival de Cannes, de carona na celebração do centenário do realizador de “Persona” (1966), o documentário de Jane Magnusson é um apressado e desfocado retrato de um filho de pastor protestante que, sob os golpes de martelo do Deus de seu pai, fez da arte sua homilia. Jane olha para o histórico pessoal desse grande artista com exotismo, deslumbrada com boatos e “causos” sobre o temperamento de seu objeto. Os depoimentos colhidos pela diretora sobre o cineasta pouco revelam sobre a estética bergmaniana. 

A exceção (que vale este filme) é a fala do ator Elliott Gould, subestimada potência dramática do cinema americano, que filmou com Bergman, em 1971, o delicioso “A hora do amor”, uma joia carente de redescoberta.   

* Roteirista e presidente da ACCRJ

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BERGMAN - 100 ANOS : ** (Regular)

Cotaçõeso Péssimo; * Ruim; ** Regular; *** Bom; **** Muito Bom

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