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Retóricas da tolerância: veja crítica do filme "O Orgulho"

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Dublador oficial de Tom Cruise na França, o multiartista israelense (radicado em Paris) Yvan Attal ganhou credibilidade como realizador ao lançar “Ma femme est une actrice” (2001), no qual dirigiu sua mulher, a cantora e atriz Charlotte Gainsbourg. Mas foi com “Le brio”, uma das atrações do monumental Festival Varilux, exibido aqui com o título “O orgulho”, que o cineasta passou a galgar outro patamar, mais autoral. A autoralidade vem de sua investigação recorrente sobre jogos de poder, mesmo aqueles institucionalizados sob afetos.

Neste drama, visto por 950 mil pagantes nas bilheterias francesas (em um mês), ele disseca o universo da retórica jurídica. Sua protagonista, a fosforescente estudante de origem árabe Neïla (Camélia Jordana, em atuação embriagadora), é uma aspirante a advogada que encara preconceitos das mais variadas ordens, no seio estudantil de uma Europa afogada em xenofobia. Daniel Auteuil potencializa a ironia inerente à Camélia: sempre preciso em cena, o ator vive Pierre, um professor de comportamento monolítico em relação ao Saber. 

Súmula das convenções (algumas delas essenciais) da Educação, Pierre vai crispar em seus códigos de ensino, ao se deparar com os modos tortos e as cores culturais de Neïla. O choque entre eles gera uma aula de atuação e um rico debate sobre a intolerância. Só é pena a fotografia do filme se limitar a enquadramentos caretas, sem viço. (R.F.)

* Roteirista e presidente da ACCRJ

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O ORGULHO: *** (Bom)

Cotaçõeso Péssimo; * Ruim; ** Regular; *** Bom; **** Muito Bom

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