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Marcos Souza homenageia os 70 anos do pai, Chico Mário, e emplaca projetos

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Quando assumiu a Diretoria do Centro da Música da Funarte, em março de 2017, Marcos Souza se deparou com uma verba de R$ 950 mil. O que fazer com um valor tão reduzido em uma área cultural carente de boas iniciativas? Pois ele não pensou muito para colocar em prática um projeto que acalentava há quase dez anos: um songbook online internacional, com partituras de diversos artistas brasileiros. 

“Quando morei na Europa e cursava o mestrado na Universidade Codarts, em Roterdã, vi a dificuldade de estudantes de vários países para ter acesso a partituras de música brasileira e comecei a pensar neste projeto. Conseguimos reunir, nessa primeira edição, 1.200 partituras, que já estão disponíveis gratuitamente para estudantes, músicos e interessados do mundo todo”, diz Marcos. 

O material, que pode ser acessado pelo https://www. funarte.gov.br/partituras-brasileiras-online/, é dividido em três volumes de “Música popular”,  três de “Bandas de música” e sete de “Música de concerto”: “Nós entramos em contato com várias instituições para que colaborassem com o que já tivessem digitalizado. Todos entenderam o propósito do projeto. Resultado,  são 7 mil páginas na primeira edição. Só Rosana Lanzelotte mandou 500 partituras! É um projeto criativo e barato - foram gastos R$ 30 mil no primeiro momento”, revela o músico, compositor e produtor, filho de Chico Mário e sobrinho de Henfil e Betinho. 

José Schiller, Paulo Aragão e Ricardo Gilly são alguns nomes que trabalharam com Marcos no projeto. “O Ricardo fazia os songbooks de Almir Chediak e foi ele, por exemplo, quem trouxe as 34 partituras de Edu Lobo e  Chico Buarque. Nós tivemos o cuidado de incluir um texto sobre cada editora que cedeu material e seus contatos para que alguém interessado em um material maior possa contactá-las. É uma boa vitrine para gerar direitos autorais”, ressalta, lembrando que as partituras, inclusive, são agrupadas por instituição. “Isso facilita a pesquisa, pois cada partitura é escrita de uma maneira particular”,  explica. 

Segundo Marcos Souza, a Funarte pretende lançar um site só de partituras para facilitar ainda mais a busca pelas músicas. “Mas,  antes disso, vamos fazer mais dois volumes de cada área. Já estamos recolhendo, por exemplo, partituras de Anacleto de Medeiros. Vamos incluir tembém volumes de viola caipira, que terão curadoria de Roberto Corrêa”, conta. 

Outro projeto tocado por ele é a Bienal de Música e Cidadania, que enfoca o seu aspecto educativo e social: “Vejo nas orquestras, como a de Ouro Preto, de que já fui consultor executivo, que a maior parte dos músicos vêm de projetos sociais. Então, a proposta é fortalecê-los e monitorar essa rede, usando a música, que é uma ferramenta poderosa de aprendizado, como instrumento de cidadania”, diz ele, destacando que, se não houver mobilização da sociedade, nada muda. “É preciso entender que cultura é economia! Precisamos aproximar a sociedade da cultura”, resume ele, antecipando que uma pré-bienal será realizada em outubro em cada região brasileira.   

Homenagens em família 

Paralelamente à atuação na Funarte, Marcos Souza dá prosseguimento a projetos familiares. No dia 22 de agosto, seu pai Chico Mário, morto precocemente em 1988, faria 70 anos. Para homenageá-lo,  Marcos criou o 1º Prêmio Chico Mário de Violão, que está com inscrições abertas até amanhã. “Quando pensei em criar o prêmio, fui fazer uma pesquisa e fiquei chocado por não encontrar nada parecido no Brasil, principalmente com premiação em dinheiro e um violão Yamaha. É uma forma de instigar músicos a tocar a obra do meu pai, de quase 90 composições e ainda pouco conhecida”, conta. 

Marcos cita também outras homenagens ao pai, como o concerto da Orquestra Ouro Preto fará  em 12 de agosto com músicas de Chico e arranjos de Jaime Alem; o lançamento no dia 22 do livro “Atrás do biombo”, de sua mãe, Nívia Souza, e um documentário dirigido por Silvio Tendler. 

Compositor de trilhas sonoras - como os documentários “3 irmãos de sangue”, “Henfil”, que ganhou prêmios no Cine PE, e “Angel Vianna”, com estrei a prevista para este ano - Marcos forma ainda o duo Mano a Mana com a irmã, Karina Souza. “Vamos lançar em breve um disco onde ela canta e eu toco piano”, informa.