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Madri quer ser a capital da moda

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Há muitas fontes de criação na Espanha: as noivas e o estilo flamenco do Sul do país; o colorido das estampas de Barcelona e a elegância de Madri. Além desta variedade, na capital fica um dos melhores museus do setor, o Museu do Traje (na Av. Juan de Herrera, 2, 28040, estação Moncloa do metrô, mais um trecho a pé), que nos convence que a moda nasceu na Espanha, e não em Paris. Afinal, eles tiveram Cristóbal Balenciaga... 

Novo evento 

Em busca do prestígio das outras cidades lançadoras (Nova York, Milão, Paris e Londres), Madri pretende se internacionalizar. O primeiro passo foi antecipar seus eventos, como aconteceu agora com a semana Mercedes Benz, que terminou nesta semana. A intenção seria abrir o calendário de desfiles _ apesar de que as grandes semanas, começando por NY, estão marcadas para princípio de setembro, a data ficou meio longe. Mas a intenção existe e tem o importante apoio oficial: a prefeitura mantém o projeto Madri Capital da Moda, e montou um telão na praça Margaret ?atcher, próximo ao Paseo de la Catelana. Um comitê avalia as qualidades dos participantes, segundo parâmetros de estrutura de empresa e investimentos em comunicação e marketing. 

A agenda 

A falta de reconhecimento internacional não invalida o trabalho de grandes nomes de criadores. Espero que algum leitora e leitora já tenha ouvido falar de Hannibal Laguna, estilista venezuelano baseado em Madri, que assina noivas e trajes de luxo. Ou de Agatha Ruiz de la Prada, que comprova existir bom humor e cores alegres na normalmente sóbria moda espanhola. Roberto Torretta é outro nome a pesquisar. 

Há também esperanças futuras, vistas no grupo de oito novos talentos que participaram do projeto EGO, patrocinado pela Samsung. Constanza Lab foi a vencedora nesta edição, a décima do concurso. Outro investimento nos novos é a preocupação com a digitalização da moda, que deve reforçar a internacionalização das marcas. A jornalista Jessica Michault falou sobre estas estratégias em palestra no hotel Only You, perto da estação Atocha. 

Por último, não poderia faltar a sustentabilidade, representada pela coleção de Juanjo Oliva, que mostrou peças feitas com materiais reciclados, principalmente garrafas PET. 

A moda, enfim 

Antecipar agenda, ser sustentável, conseguir apoio oficial: nada disto adianta para atrair as atenções do circuito da imprensa e compradores internacionais, sem a presença de roupas boas, originais ou fáceis de serem vendidas. A semana de Madri focou em extravagâncias, como as formas de figurino de Agatha Ruiz de la Prada ou as mangas de asas de Devota&Lomba. Também se destacam os belos modelos longos, seguindo as candy colors, que prometem entrar em vigor até o fim do ano, vistas em Hanniball Laguna. As estampas da grife Custo Barcelona misturam elementos barrocos. E há uma rota de neutros, onde os cáquis dão elegância a casacos em Angel Schlesser e aos vestidos drapeados de Roberto Torretta. Para quem acha moda espanhola um tanto discreta, a linha de lingerie de Andres Sarda pode competir com a sensualidade da Victoria Secret, a marca americana que mais investe em marketing. 

Pode ser este o passo que falta para a internacionalização da Mercedes Benz Fashion Week de Madri: mais marketing. Moda não falta aos espanhóis.