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A corrida do ouro: Hollywood já elenca potenciais concorrentes ao Oscar

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Uma vez que a cerimônia do Oscar de 2019 foi agendada pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood para 26 de fevereiro e que as indicações aos prêmios só serão anunciadas em 24 de janeiro, você pode estar pensando: mas por que raios já estão falando na estatueta dourada agora? 

Resposta simples: a fim de esquentar suas bilheterias – que andam um tanto combalidas fora do terreno dos super-heróis – para os próximos meses, o cinema americano anda badalando uma série de projetos, de teor mais adulto do que sua produção pipoca, a fim de fisgar a atenção e os dólares dos espectadores. 

Mas essa badalação acaba por impactar outros mercados, como o brasileiro, ampliando o interesse por filmes de orçamento restrito que teriam dificuldade para investir em mídia. Com base em listas de revistas como a “Variety” e o site “Awards Daily”, o JORNAL DO BRASIL faz um painel dos títulos que podem ser oscarizados no início do ano que vem. E, até lá, eles prometem fazer barulho...

“On the basis of sex”, de Mimi Leder: Antenadíssima com as discussões de empoderamento feminino e sororidade, a prolífica diretora de TV e cineasta bissexta que fundou a Dreamworks, em 1997, com “O pacificador”, leva às telas as batalhas jurídicas da juíza Ruth Bader Ginsburg a fim de defender a igualdade salarial entre mulheres e homens. A inglesa Felicity Jones vive Ruth, numa atuação que vem impressionando os olheiros de Hollywood. 

“As viúvas”, de Steve McQueen: Se alguém ainda tiver dúvidas de que Viola Davis é a nova Meryl Streep, as incertezas cairão por terra com a estreia deste filme de assalto, do diretor de “12 anos de escravidão” (2013). Viola lidera um grupo de mulheres (vividas por Elizabeth Debicki, Michelle Rodriguez e Cynthia Erivo) que bolam um golpe para quitarem dívidas deixadas por seus finados maridos. Liam Neeson e Robert Duvall integram o elenco. 

“Ad Astra”, de James Gray: Produzido pelo brasileiro Rodrigo Teixeira, esta ficção científica do cultuado diretor de “Amantes” (2008) põe Brad Pitt no papel de um astronauta que cruza a galáxia para salvar seu pai (Tommy Lee Jones). 

“First reformed”, de Paul Schrader: Indicado ao Leão de Ouro de Veneza em 2017, este thriller do roteirista de “Touro indomável” põe Ethan Hawke na pele de um capelão militar destruído pela perda de seu filho que se vê no meio de uma intriga de terroristas ambientais.   

“Nasce uma estrela”, de Bradley Cooper: Lady Gaga se candidata ao Oscar de melhor atriz no papel de uma cantora que ganha a chance de brilhar com a ajuda de um músico alcoólatra, vivido por Bradley Cooper, que também assina a direção. É a nova versão do clássico de 1937, com Janet Gaynor, já refilmado em 1954, com Judy Garland, e em 1976, com Barbra Streisand. 

“Can you ever forgive me?”, de Marielle Heller: Uma das comediantes de maior sucesso de Hollywood nos últimos dez anos, Melissa McCarthy se arrisca pelas veredas do drama ao viver a jornalista Lee Israel, uma biógrafa de sucesso que, num período de vacas magras, passou a falsificar documentos de celebridades. 

“The wife”, de Björn Lennart Runge: O cineasta sueco arranca de Glenn Close uma atuação memorável na pele de uma sexagenária que, após anos a fio de casamento com um escritor adúltero (Jonathan Pryce), começa a repensar suas escolhas pessoais. Sua tentativa de mudar de vida se dá no momento em que o marido vai receber o Nobel de Literatura. 

“O primeiro homem”, de Damien Chazelle: Dois anos depois do fenômeno “La La Land”, o prodígio que desconstruiu a cartilha dos musicais reconstitui a corrida espacial americana a partir dos feitos do astronauta Neil Armstrong, antes de pisar na Lua. Ryan Gosling é o astro deste épico sobre a conquista do espaço.

“Mary Queen of Scots”, de Josie Rourke: Uma das mais aclamadas diretoras do teatro inglês arranca atuações inflamadas de Saoirse Ronan e de Margot Robbie ao recriar a batalha política pelo trono da Escócia entre Mary Stuart e Elizabeth I.

“If Beale Street could talk”, de Barry Jenkins: Revisitada pelo documentário “Eu não sou seu negro” (2016), a literatura de James Baldwin (1924-1987) volta a dar frutos, agora pelas mãos do diretor de “Moonlight” (2016). Na trama, a jovem afro-americana Tish (Kiki Layne), prestes a ser mãe, tenta provar a inocência de seu namorado de um crime que pode estar ligado a uma intriga racista. Dave Franco e Regina King integram o elenco. 

“Ilha de cachorros”, de Wes Anderson: Sucesso de bilheteria para os padrões autorais dos EUA, o novo filme do aclamado realizador de “Grande Hotel Budapeste” (2014) rendeu o Urso de Prata de melhor direção no Festival de Berlim e dispara como potencial favorito ao Oscar de Melhor Animação. Na trama, ambientado em um Japão futurista distópico, um guri vai até um lixão para salvar seu cãozinho. Integrantes de sua equipe de animadores virão ao Rio para o Anima Mundi, no fim de julho. 

“The front runner”, de Jason Reitman: Disposto a se livrar da sombra de Wolverine, Hugh Jackman tem feito uma série de musicais. Mas nesta dramédia política, ele não canta, mas seu personagem “dança” nas pistas escorregadias da mídia. O ator australiano dá vida ao senador Gary Hart, cuja carreira para a Presidência esbarrou num escândalo sexual, que o realizador de “Juno” (2007) revisita com tintas sensacionalistas.

“In?ltrado na Klan”, de Spike Lee: Sensação em Cannes, de onde saiu com o troféu Grand Prix, o novo longa-metragem do inimigo nº1 da exclusão racial recria um fato real nas raias do inusitado: em 1979, Ron Stallworth, um policial negro do Colorado infiltrou-se na Ku Kux Klan, a célula de supremacistas brancos. John David Washinton (da série “Ballers”) interpreta Ron. Há uma participação tocante de Harry Belafonte no filme, que pode render um Oscar de coadjuvante ao nonagenário cantor. 

“Bem-vindos a Marwen”, de Robert Zemeckis: Numa tentativa desesperada, há anos, de ganhar um Oscar, agora que sua carreira como comediante anda em baixa, Steve Carell une forças com o diretor de “Forrest Gump” (1994) para brilhar na pele de um fotógrafo que precisa reconstruir sua via após ser vítima de um atentado na mão de neonazistas. 

“Você nunca esteve realmente aqui”, de Lynne Ramsay: Há um ano, a cineasta escocesa assombrou Cannes com este “Taxi Driver” dos anos 2010 no qual Joaquin Phoenix vive um ex-militar que salva meninas de abusadores e do tráfico de mulheres. Ganhou o prêmio de direção e atuação na Croisette. Agora, diante de seu prestígio mundo afora, o thriller da diretora de “Precisamos falar sobre o Kevin” (2011) pode valer uma indicação a Phoenix.

*Roteirista e presidente da Associação de Críticos do Rio (ACCRJ)