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Coopa Roca de volta

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Durante mais de três décadas, até 2015, a Coopa Roca foi assunto no mundo. Das mãos das artesãs da Rocinha, lideradas pela socióloga Teresa Leal, saíam produtos para exposições na Europa, coleções de nomes como Christian Lacroix  e Paul Smith ou marcas poderosas como a Lacoste. No Brasil, Carlos Tufvesson assinou modelos para um belo desfile no Fashion Rio e Carlos Miele adotou os fuxicos como adereço de seus longos vendidos nos Estados Unidos. 

Por que parou? Parou por quê? Os motivos do sumiço das bordadeiras são os de sempre: crise econômica que reduziu o poder de compra de moda; insegurança e a complicada dinâmica do ambiente de moda. Atualmente, a casa no alto da Rua Dois provavelmente está fechada, o terreno onde seria construída uma ampliação do ateliê virou um estacionamento.

 A volta por cima 

Só que a socióloga não desistiu. Depois de completar o mestrado de design na PUC com o tema...bordado, Tetê, como é conhecida, anda em busca de uma continuação para o conceito “O nome que lembra a roca, o tear primitivo, é meu. Este trabalho acaba sendo uma militância, uma tentativa de abrir caminho para as mulheres que podem trabalhar em casa para complementar a renda. Mas não existem espaços para a capacitação, nem local para vender as peças. Nas feirinhas, os produtos são todos chineses”, conta Tetê. 

Para tentar esta volta, ela descobriu um prédio com boas salas na Praça Tiradentes. “Saímos da comunidade original, chega de partir o Rio. Vamos trabalhar com artesãs de várias partes da cidade. Vidigal, Rocinha, de onde quiserem vir. Vamos trabalhar a arte têxtil, uma arte tão valorizada na França, que a Chanel faz desfiles com o tema ‘Métiers d’Art’, dando prioridade ao lado artesanal. 

Obcecada com acabamento e design, Tetê sempre integrou esta arte com a moda, usando a criatividade para modificar a tradição de peças vistas apenas como souvenirs ou material barato. O resultado deste objetivo conquistou profissionais como o consultor inglês Robert Forrest, e o estilista Alexandre McQueen, que comprou uma luminária coberta de crochê. 

Salas mobiliadas, endereço central, ainda falta o de sempre: um investidor para bancar o e-commerce e cerca de R$ 30 mil para dar a partida no projeto. “Não é apenas uma cooperativa, não basta apertar um botão e as máquinas produzem. A dinâmica é simples, mas é preciso entender os códigos da moda. Estamos abrindo um crowdfunding (em www.cooparoca.com.br) para conseguir o dinheiro deste recomeço. Vou tentar todas as possibilidades até o fim do ano. A Coopa Roca vai voltar”.