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Crítica: Antes que eu me esqueça

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A idade despida

“Todo mundo nasceu nu”. A frase do samba-enredo da Beija-Flor no Carnaval de 1990 diz muito sobre o “Antes que eu me esqueça”, filme dirigido por Tiago Arakilian. Na trama, um juiz aposentado rompe com a austeridade e vira sócio de uma boate de striptease de Copacabana. Aos 80 anos, Polidoro (José de Abreu) se vê solitário e com sintomas do Mal de Alzheimer. A filha Beatriz (Letícia Isnard), decide interditá-lo judicialmente. Na audiência, Paulo (Danton Mello), se declara incapaz de opinar sobre o pai porque não fala com ele há anos. 

Por conta do distanciamento, o juiz determina que Paulo faça a avaliação sobre a capacidade do pai, numa reaproximação forçada. Na boate, numa última aventura, Polidoro vai acabar por despir ele mesmo e os próximos de seus medos. Ele vai atrair Paulo, músico sem inspiração, a se preparar para um concurso de piano. O aposentado transforma o lugar, além de um espaço de prazer, numa casa de aconchego em que a divertida garçonete Joelma (Guta Stresser) é ouvidora das inseguranças. A rígida advogada Maria (Mariana Lima), incumbida de fiscalizar pai e filho, se solta. Os velhinhos amigos de Polidoro - entre eles a participação afetiva de Dedé Santana - vão encontrar erotismo, com desempenhos intimistas. Em momentos musicais particulares, uma menção especial a Erik Satie. Um compositor excêntrico e provocador como é Polidoro diante da família e da doença. (A.R.)

Cotação: *** (Bom)