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Funk e chifons unidos em Minas

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BELO HORIZONTE - A moda nacional - não apenas a mineira - esteve presente em desfiles e no salão de negócios da 22ª edição do Minas Trend, nos salões do ExpoMinas. O verão 2019 promete acrescentar comprimentos mais longos, muitos vermelhos e metalizados, babadinhos e brilhos sem preconceitos de hora de uso ou de complementos. Por exemplo, um diáfano vestido de organza tanto pode ser acompanhado por escarpins de salto alto e fino como por um coturno ou um chinelo coberto de plumas. 

Uma mudança importante também acontece na beleza. Ricardo dos Anjos, responsável pelos cabelos e maquiagem do evento, antecipou detalhes enquanto maquiava Barbara Fialho, atualmente uma Angel da Victoria Secrets: “Tudo deve ter brilho e viço naturais, como se o rosto estivesse com aquele suorzinho do verão. Pele úmida, olhos só com toque de gloss nas pálpebras, a sobrancelha deixa de ser pesada, passo apenas um gel incolor, para deixar com jeito espetadinho. O batom é cremoso, nada matte. Quanto aos cabelos, respeitamos a textura natural. Cílios? Só o rímel nos cílios superiores”. 

Acabou aquela impressão antiga de que o Minas Trend só mostrava roupa de festa para salientar o talento da mão de obra artesanal do estado. Um designer como Lucas Magalhães reconstrói tecidos finos como a organza ou modernos como o derivado do poliéster. “Penso a estampa e, depois, decido como produzir: imprimir, bordar, desfiar, reconstruir. Enlouqueço minha equipe!” O resultado? Uma coleção original, cheia de surpresas como o jabô na barra de um vestido ou as possibilidades de ganchinhos que controlam comprimentos”. 

Outra demonstração de alta qualidade de design está na Fatima Scofield. A série de longos e macacões em chifons, em cores claras ou em estampas floridas, lembra um clima de chá inglês tradicional, de sonhos. 

A Plural parte para linhas geométricas. Segundo Letícia Leão, dona da marca, “o Construtivismo foi a fonte. Pregas, formas retas e o linho, enfatizam a inspiração”. Para a carioca que curte moda minimalista, a Plural está à venda na Dona Coisa, a multimarca no Jardim Botânico. 

O brilho foi representado por Leticia Manzan, uma favorita das celebridades. Presentes na fila A, Erica Januzzi e Flavia Alessandra viram os metalizados, paetês e plumosos com referências na Era Disco dos anos 1980. 

Em matéria de show, o que podia melhorar era do Sindijoias. Joias e bijuterias suntuosas quase sumiam nos looks das modelos só de saias longas, com arranjos enormes nas cabeças e rodelas cobrindo os bicos dos seios. Algo como um mix de strippers e deusas, que escondia a beleza das peças. 

Quando parecia que esta 22ª edição seria o apogeu dos chifons e babadinhos, surgiram as sedas com padrões, lembrando os testes de Rorschach da Not Equal, a graça dos bordados inspirados na Swinging London da Chocker e os entalhes de renda da Anne est Folle. Virgilio Couture trouxe maravilhas em torno de onças e xadrezes, a Mollet demonstrou que homens, tanto quanto mulheres, podem adotar saias e vestidos sem preconceitos. 

Mas o melhor, o mais completo como moda e show da passarela do Minas Trend foi liderado pelo Eduardo Amarante, dono da Skazi, que dançou feliz ao lado da Ludmilla, que cantou durante o ótimo e último desfile do evento. Juliana Paes fez sua aparição, rodando uma saia plissada e dançando quase até o chão. Ah, o lado trapalhada: depois de cantar e rebolar, com a plateia de pé, Ludmilla gritou “Valeu, São Paulo!”. Ela mesma achou graça e corrigiu “Belo Horizooonte!”.

* Ex-editora de Moda e da Revista Domingo do Jornal do Brasil