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Dia do Teatro do Oprimido é comemorado hoje, data de nascimento de Boal

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Personagem  exponencial para a evolução do teatro no mundo, Augusto Boal (1931-2009) legou à posteridade a metodologia do Teatro do Oprimido, eixo para a transformação da realidade dos menos favorecidos a partir do trabalho com técnicas teatrais. A data de seu nascimento, 16 de março, baliza a criação do Dia Internacional do Teatro do Oprimido, data lembrada hoje em diferentes partes do mundo. No Rio, o Centro de Teatro do Oprimido (CTO), na Lapa,  recebe o público, a partir das 19h, para uma noite de memória e arte.  

Na agenda, estão apresentações do trabalho dos Grupos de Teatro do Oprimido, ou GTOs, com shows de música, sarau de poesias e exibição do vídeo-documentário do projeto “Teatro do Oprimido na Maré”. O ponto alto da comemoração é o anúncio da conquista de recursos para dois anos de fomento às atividades de dez grupos que trabalham com a filosofia de Boal.  São grupos pautados pela diversidade de abordagens. “As Marias do Brasil”, de domésticas, “Pirei na Cenna”, de usuários e familiares da Saúde Mental, “Panteras”, com representantes LGBT, e “Maremoto”, de jovens moradores do Complexo da Maré. Ainda na noite de hoje, haverá sessão do “Cor do Brasil”, sobre a valorização do negro na sociedade,com participação especial de dois músicos da Orquestra Maré do Amanhã. 

Membro do Colegiado, Géo Britto está há 28 anos no CTO. “Augusto Boal criou o Teatro do Oprimido nos anos 1970, resultado de todo seu acúmulo de luta política e cultural dos anos 1950 e 1960. No Teatro do Oprimido, propõe que se democratize os meios de produção para que os próprios oprimidos usem o teatro para debater e transformar a realidade”, contextualiza.

Hoje, o Teatro do Oprimido se multiplica em mais de 70 países, nos cinco continentes: na Palestina, há a atuação pela luta do Estado Palestino;  na Guatemala, entra no embate pelos direitos indígenas; na Europa, surge como instrumento pela luta dos direitos dos imigrantes. A cada dois anos, na Índia, há a mobilização do povo pela luta de direitos através de uma marcha. “Lá, chegaram a se reunir 15 mil indianos.  São muitos países e opressões, o Teatro do Oprimido busca sempre, a partir do oprimido, mudar essa realidade através da arte e da organização politica”, completa Britto.

Hoje, o Centro de Teatro do Oprimido continua o trabalho de Boal realizando oficinas, seminários, articulando e estimulando ações em diversos países formando muitos multiplicadores. Em fevereiro, houve o 5º Encontro Latino-Americano com participação superior a 300 membros. Em agosto, estudantes de Antropologia e outras faculdades da New York University e da Universidade da Califórnia em Los Angeles (Ucla) virão fazer  intercâmbio. 

“O CTO realizou, recentemente, imensa gama de trabalhos aqui mesmo no Brasil, com agentes penitenciários, agentes comunitários de saúde, professores de escolas públicas, agentes culturais dos pontos de cultura, integrantes de diversos movimentos sociais. Com subsídios da Petrobras liberados agora poderemos subsidiar muitas outras ações, finaliza.