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Em novo romance, Isabel Allende escreve sobre a capacidade de reinvenção em meio a tempestades

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“No meio de um inverno aprendi, finalmente, que havia em mim um verão invencível”, escreveu Albert Camus no ensaio Retour à Tipasa. A frase está na epígrafe e inspirou o novo livro de Isabel Allende, “Muito além do inverno”. O romance trata da capacidade de reinvenção em meio a adversidades. Quando lançou a obra, este ano, ela contou, em uma entrevista em Madri ao El País, que, aos 75 anos, encontrou um novo amor. Ela havia se separado de seu marido, depois de 28 anos de convivência, há cerca de dois anos:

“Um senhor de Nova York me escutou no rádio de seu carro, a caminho de Boston. Mandou um email ao meu escritório, e outro, e mais outro. No terceiro, respondi eu mesma porque veio com um buquê de flores. Cinco meses depois de receber diariamente um email de bom-dia e outro de boa-noite, aproveitei uma viagem de trabalho para conhecê-lo. Então, em cinco minutos, tudo aconteceu, e agora ele está vendendo o que tem para vir morar comigo. Ou seja, essas coisas existem, são milagres que acontecem. Sim, aos 75 estou apaixonada pela terceira vez na minha vida, não há amor sem risco”.

No livro, em meio a uma nevasca no Brooklyn, aos 60 anos, Richard Bowmaster, um professor universitário, bate na traseira do carro de Evelyn Ortega, uma jovem imigrante ilegal da Guatemala. O que a princípio parecia apenas um pequeno incidente toma um rumo imprevisto e muito mais sério quando Evelyn aparece na casa do professor em busca de ajuda. Confuso com a situação e sem entender o espanhol falado pela jovem, ele pede ajuda a sua inquilina, Lucía Maraz, uma chilena de 62 anos, que está passando uma temporada nos Estados Unidos como palestrante na mesma universidade em que Richard dá aula. Juntas, essas pessoas tão diferentes embarcam em uma dramática e incrível aventura, que vai do Brooklyn do presente à Guatemala de um passado recente, do Chile dos anos 1970 ao Brasil dos anos 1980, e na qual descobrem sua força interior. Para Lucía e Richard, além de tudo, significa uma nova chance para o amor.

Para Allende, que na obra explora temas como direitos humanos e a difícil situação dos imigrantes e refugiados, “não só os humanos, mas também os povos, as nações, o mundo tem dentro de si um verão invencível que pode acabar com qualquer inverno se lhe dermos a oportunidade e assumimos o risco”.

O livro será lançado este mês, pela Bertrand Brasil.