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'Clara dos Anjos', de Lima Barreto, ganha nova edição

Obra é contundente denúncia com foco na desigualdade social e no preconceito racial

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Uma nova edição com texto integral e sem adaptações de Clara dos Anjos, romance-denúncia de Lima Barreto, chega às livrarias pela coleção Clássicos Infantis e Juvenis da Autêntica Editora. Publicado pela primeira vez entre janeiro de 1923 a maio de 1924, em dezesseis números da Revista Sousa Cruz, e, em livro, em 1948, vinte e seis anos após a morte do autor, o romance aborda temas como o preconceito racial e social, entre outras questões ainda extremamente relevantes e prementes.

Tendo como referência a 1ª edição da obra, publicada pela Editora Mérito, a nova edição passou por algumas revisões a fim de evitar ruídos ou equívocos na leitura. Para Giovana Xavier, professora e coordenadora do Grupo Intelectuais Negras, “a reedição de Clara dos Anjos revela o compromisso político de reparar injustiças que marcaram a vida do autor, entre elas as desqualificações impostas à sua vasta produção e reatualizadas peça persistência da Academia Brasileira de Letras em negar-lhe o título de ‘imortal’”. 

Filha de um carteiro e de uma dona de casa, Clara dos Anjos, jovem mulata do subúrbio carioca de Inhaúma, conhece Cassi Jones, rapaz de família rica e socialmente bem posta, numa roda de viola na casa de seus pais. Conquistador, sem caráter, Cassi é famoso por seduzir mulheres casadas e moças humildes, engravidando-as e destruindo suas vidas. Mesmo sabendo disso, Clara acaba se envolvendo com Cassi. 

Tendo como pano de fundo a vida nos subúrbios cariocas, Clara dos Anjos retrata a realidade brasileira do início do século XX e é uma denúncia contundente – com foco na discriminação da mulher negra e pobre que era seduzida e abandonada – da desigualdade social, do preconceito racial, da divisão de classes que ainda hoje, quase um século depois, ocorrem no Brasil. 

Criada em 2016, a coleção Clássicos Infantis e Juvenis Autêntica apresenta textos originais e sem adaptações, e já conta com sucessos como Pollyanna, Heidi, Alice no país das maravilhas, O mágico de Oz  e Peter Pan. 

Afonso Henriques de Lima Barreto (1881-1922) foi escritor e jornalista carioca, considerado um dos maiores autores brasileiros de todos os tempos. Faleceu aos 41 anos de idade. Escreveu romances, sátiras, contos, textos jornalísticos e críticas. Enfrentou a pobreza, o preconceito racial, o alcoolismo e a depressão, essa que o levou a ser internado algumas vezes em hospícios. Além de Clara dos Anjos (1948), escreveu obras-primas como Recordações do escrivão Isaías Caminha (1909), Triste fim de Policarpo Quaresma (1915) e Os bruzundangas (1923).