Texto do premiado dramaturgo venezuelano Gustavo Ott, Dois Amores e Um Bicho segue com até o dia 30 de junho, com montagem dirigida por Danielle Martins de Farias, na Sala Multiuso do Sesc Copacabana. Escrita em 2001, a obra parte de uma situação prosaica que se converte em pesadelo: durante um passeio no zoológico com a família, o pai se vê obrigado a reviver um episódio repugnante do seu passado, quando matou seu cachorro a pontapés por considerá-lo homossexual.
A montagem conta com três atores em cena, que dão vida aos membros da família e aos personagens secundários. No elenco estão Lucas Gouvêa (pai;com José Karini como stand in), Adriana Seiffert (mãe) e Julie Wein (filha). Com direção musical de Felipe Habib, Julie também canta e toca piano e violoncelo em cena. O cenário de André Sanches remete ora a um zoológico, com animais que aparecem num jogo de sombras, ora ao apartamento onde mora a família. Em ambos, a imagem evoca um espaço em ruínas.
Uma visita ao zoológico, onde a filha do casal trabalha, desencadeia uma história enterrada há quinze anos, quando o pai matou o seu cachorro a pontapés por considerá-lo homossexual. Ao passarem pela jaula do orangotango, isolado dos outros animais por ter molestado outro macaco, a família relembra esse episódio traumático do passado. A lembrança desencadeia uma série de conflitos familiares, deixando manifestar o ódio cotidiano, a intolerância generalizada, o fascismo e a animalidade que fazem parte do homem contemporâneo, transformando o zoológico cênico proposto pelo autor em uma metáfora de nossa própria sociedade.
Dois Amores e um bicho fica em cartaz às sextas e sábados às 19h e aos domingos às 18h, no Sesc Copacabana, que fica na Rua Domingos Oliveira, 160, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Os ingressos custam R$ 6 (associado do Sesc), R$ 12 (meia) e R$ 25 (inteira).
Sobre Danielle Martins de Farias – Diretora
Mestranda em Artes da Cena na UFRJ, pós-graduada em preparação de atores pela faculdade Angel Vianna (2012), graduada pela UERJ (1999) pela CAL (2016) e formada pelo Studio Fátima Toledo (SP, 2005). Cursou o CPT, de Antunes Filho (SP, 2002) e a escola Angel Viana (2001). Bolsista em direção no CAT/Funarte (SP, 2009), coordenado por João das Neves. Fundadora da companhia Alfândega 88 (RJ) com Moacir Chaves, dirigiu Fim de Partida, de Beckett (2014), e atuou como atriz e assistente de direção em: Labirinto (2011); A Negra Felicidade (2012); O Controlador de Tráfego Aéreo (2013), direção de Moacir Chaves; atuou no projeto Alfândega 88 – Residência no Teatro Serrador, vencedor do 25º Prêmio Shell Categoria Especial. Atuou como assistente de direção em: Merci, com Ana Barroso (2010), e A Lua Vem da Ásia, com Chico Diaz (2011), ambos dirigidos por Moacir Chaves, e, em São Paulo, em Aroma do Tempo, direção de José Renato (2005), e em Conversas e Memórias, direção de João das Neves (2009).
Sobre a Notória Companhia de Teatro
A diretora e atriz Danielle Martins de Farias, cofundadora da companhia Alfândega 88, ao lado de Moacir Chaves, se uniu a antigos parceiros após a criação do espetáculo Fim de Partida, de Samuel Beckett, em 2013. Desde então, vêm trabalhando juntos de forma experimental. Dois amores e um bicho é o primeiro projeto assinado pela Notória Companhia de Teatro, em parceria com artistas de diversas áreas de criação.
Sobre Gustavo Ott– Autor
Autor venezuelano de mais de quarenta peças de teatro, montadas em diversos países. Com uma obra muito original e política, carregada de crítica social, Ott já teve suas obras traduzidas para inglês, italiano, alemão, francês, dinamarquês, russo, tcheco, português, polonês, húngaro, japonês, grego, galego, catalão e crioulo. Ott recebeu diversos prêmios por suas peças: Prêmio Internacional de Dramaturgia Tirso de Molina (España, 1998), Prêmio Internacional Ricardo López Aranda (Espanha, 2003), indicado ao Prêmio Helen Hayes Award 2009/The Charles Mac Arthur Award for Outstanding New Play or Musical (EEUU, 2009), Prêmio Prix Ville de Paris/EtcCaraibe (França, 2009),Prêmio Ministerio para la Cultura (Caracas, 2007) e Prêmio Medalla Celcit (Espanha, 2011), entre outros.