Voltada às áreas da arte, cultura, filosofia, literatura e ciências humanas, a revista CULT publicou centenas de entrevistas ao longo de suas duas décadas , e a riqueza desse material deu origem ao livro CULT 20 anos: Melhores Entrevistas, publicado pela Autêntica Editora no ano em que também completa 20 anos.
Organizado pela jornalista e diretora da revista Daysi Bregantini e pelo editor Welington Andrade, o livro apresenta trinta entrevistas com nomes como Hilda Hilst, Nicolau Sevcenko, Judith Butler, Vladimir Safatle, Lars von Trier, Naomi Klein e Ferreira Gullar, dentre outros.
Para Daysi Bregantini, uma das contribuições do jornalismo cultural é ajudar a preservar e aprimorar a cultura. “As entrevistas aqui reunidas foram selecionadas com muito cuidado entre as centenas que foram publicadas ao longo dessas duas décadas e permanecem atuais, esclarecedoras, vigorosas”, comenta.
O filósofo e compositor Francisco Bosco assina o texto de orelha, evidenciando a importância do gênero entrevista e suas singularidades. Para ele, “(...)Neste livro, os entrevistadores via de regra conhecem bem a obra dos entrevistados. Isso propicia o alto nível das conversas - e chega a produzir momentos extraordinários, como o diálogo com o poeta Manoel de Barros”.
Criada em 1997, a revista CULT nasceu com o objetivo de debater e refletir, em parceria com a pesquisa acadêmica, o conhecimento também como ação para a cidadania. Contando com a contribuição regular de renomados intelectuais ligados à vida acadêmica e jornalistas de sólida trajetória profissional, a revista chegou em junho último a sua 224ª edição.
Com uma foto de Che Guevara estampada em sua edição de estreia, a CULT já manifestava seu ideal de guerrilha e resistência em prol do pensamento e da reflexão. A revista milita pela cultura que transforma, e como Daysi Bregantini afirmou, citando o poeta José Paulo Paes, em seu primeiro editorial, na edição n. 57, “cultura não é o que entra pelos olhos, é o que modifica o olhar”.
“A questão que domina verdadeiramente meu pensamento há muito tempo – e ainda mais nos dias de hoje – é que quando eu nasci havia 1,5 bilhão de habitantes sobre a Terra. Quando entrei para a vida ativa profissional e fui morar com os bororo e os nambikwara, dois bilhões, e agora há seis bilhões. Em poucos anos, serão oito ou nove. Aos meus olhos, esse é o problema fundamental
do futuro da humanidade e, pessoalmente – embora isso não tenha importância porque eu não estarei mais aqui –, eu não vejo muita esperança para um mundo assim tão cheio.”
Claude Lévi-Strauss
“A feminilidade é uma construção de estilo.”
Maria Rita Kehl
“Eu diria que a ficção para mim, não sendo uma carreira, é o recurso que eu tenho para expressar minhas dúvidas, minhas perplexidades, minhas ilusões, minhas decepções.”
José Saramago
“O fato de eu ser crítica não significa que invalido o partido que vi nascer e que foi a condição do estabelecimento da democracia no Brasil, porque foi o único que introduziu a ideia
de direitos sociais, políticos e culturais.”
Marilena Chaui
“Eu questiono porque não basta ser.”
Mano Brown
“Grande parte do meu trabalho se dedica a compreender o que frases como ‘ser uma lésbica’ possam significar. Sim, sou chamada assim, e chamo-me assim em algumas ocasiões, mas
não estou certa de que a expressão me descreve no nível do ser!”
Judith Butler