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Ópera 'Jenufa' abre a temporada 2017 do Theatro Municipal

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Considerada uma das óperas mais emblemáticas do século XX, Jenufa, do compositor tcheco Leoš Janácek, tem nova data de estreia no Rio de Janeiro: dia 2 de abril, com apresentações também nos dias 4, 7 e 9.

Com direção de André Heller-Lopes e duas estrelas do mundo lírico brasileiro no elenco, Eliane Coelho e Gabriella Pace, ela será apresentada em sua versão original – que estreou originalmente na cidade tcheca de Brno, em 1908 –, em uma coprodução da Cia Ópera Livre com o Theatro Municipal do Rio de Janeiro, vinculado à Secretaria de Estado de Cultura (SEC). 

Jenufa é baseada na peça Její pastorkyna ("Sua Enteada"), de Gabriela Preissová. Moderna para a época, foi considerada como excêntrica em seu estilo e orquestração na ocasião, o que motivou Janácek a fazer uma segunda versão da obra. Mais de 70 anos se passaram até que as plateias voltassem a ouvir seu original.

De tons crus e realistas, tem como tema central um infanticídio: uma mulher religiosa, de irretocável índole, decide assassinar uma criança recém-nascida. Afoga o bebê nas águas geladas do Rio para com isso esconder seu nascimento e salvar a felicidade da sua filha adotiva. Amor e egoísmo cegos confundem-se em seu enredo, assim como religião, moralismo e intolerância. Uma importante família e seus ódios internos estão no centro da trama.

Jenufa, no entanto, é também uma grande história de amor. Uma história moderna, em que o amor ganha versões pós-românticas e contemporâneas: o amor superficial de Jenufa por Steva; o amor doentio de Laca por Jenufa; amor que faz com Jenufa perdoe-o e o ame no final — o homem que havia cortado seu rosto com uma faca e destruído sua beleza.

Na montagem dirigida por André Heller-Lopes já apresentada em Buenos Aires, em 2013, estarão Gabriella Pace (Jenufa) e Eliane Coelho (Kostelnicka Buryjovka), duas estrelas do mundo lírico,  o tenor Eric Herrero, que  integrou o elenco da estreia argentina, como o atormentado Laca; o tenor carioca Ivan Jorgensen  como o vilão Steva; Carolina Faria, no papel da matriarca Starenka Buryjova; Flávia Fernandes, como a apaixonada Karolka; o polivalente barítono Vinícius Atique nos papéis de Starek e do Prefeito, além das cantoras Tatiana Nogueira, Michelle Menezes, Beatriz Simões, Andressa Inácio e Daniela Mesquita. A direção musical é do maestro Rodolfo Fischer.  

Todos serão acompanhados pelo Coro e Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Os cenários são assinados pela dupla argentina Sofia di Nunzio e Daniela Taiana e a iluminação por Fabio Retti.

Sobre a Cia Ópera Livre

Iniciativa inédita no Brasil para pensar e produzir ópera sob novos formatos e de forma independente, a Cia Ópera Livre reúne alguns dos mais elogiados nomes como o diretor André Heller-Lopes e os cantores Gabriella Pace,Vinícius Atique, Eric Herrero e Carolina Faria. O objetivo é encenar títulos que sejam ousados e artisticamente instigantes, oferecendo aos grandes teatros e público a possibilidade de levar à cena pela primeira vez obras importantes e consagradas que ainda não tenham sido encenadas aqui.

“Tudo começou com as óperas 'Anjo Negro' e 'Sonho de uma noite de verão' na EAV/Parque Lage em 2012 e 2013, sendo a última indicada ao "Opera Awards" em Londres. Foi ali que uma outra forma de fazer ópera mostrou-se. Para cantores, produtores, compositores, iluminadores, figurinistas e encenador havia ali um novo caminho. Não fossemos um grupo de todos os cantos do pais eu diria que é um jeito “carioca” de fazer ópera, comenta André Heller.

“Com tanta paixão envolvida, só poderíamos escolher uma ópera como Jenufa. São poucas as óperas do século XX que gozam da mesma fama e possuem a mesma beleza melódica e intensidade dramática, obra-prima do maior compositor tcheco. Foi por isso que me apaixonei por ela”.