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Drummond e Camões inspiram a mostra coletiva A Máquina do Mundo

Artistas plásticos expõem obras na Z42, na zona sul do Rio

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Começou no último domingo (25) a mostra coletiva A Máquina do Mundo, que ocupa os cinco espaços expositivos da Z42, no Cosme Velho. Inspirados no poema de Carlos Drummond de Andrade e Luís de Camões e na fortuna crítica sobre eles, os curadores Sergio Mauricio Manon e Clara Reis, editores da premiada publicação SANTART, instituíram as figuras dos dois grandes poetas da língua portuguesa como uma espécie de curadores imaginários. O resultado poderá ser conferido em 26 obras, entre pinturas, instalações e fotografias de 22 artistas.

Seguindo a linha editorial da SantArt, a mostra será integrada por múltiplos artistas e curadores. Fruto de uma imersão e mediação dos curadores entre os artistas residentes da Z42 ARTE e alguns da coleção do Fabio Szwarcwald. O resultado é uma narrativa poética que mescla o verbo e as imagens, na tentativa de capturar o espírito do tempo: Zeitgeist. Para trazer o tempo poético para o processo criativo da mostra, os curadores organizaram rodas de leitura e análises sobre os poemas entre alguns artistas.

A obra Vera, vida e morte nos jardins das máquinas desejantes, de Sergio Maurício Manon, da Geração 80, foi pintada durante um ano e será exposta pela primeira vez ao publico na mostra Máquina do Mundo. Nela o artista resgata uma concepção lenta de pintura, um conceito atualmente raro o “slow paiting”. Cada pintura é um processo fino e detalhado feito pelo próprio artista sem intermediários ou ajudantes, que leva meses e muitas camadas de desenhos, pinceladas, pensamentos e hiistórias super postas. A obra faz parte da série, Jardins das Sinapses

Já a artista plástica Maria Lucia Fontainha, residente da Z42, lança a série sudário profano, com seis trabalhos que carregam um protesto poético de esperança e dor. “Nele, represento a dor através da impressão dos queimados, elevando o objeto profano ao status de instrumento de arte, do que ele imprime”, explica. Para a mostra universos paralelos, propõe um mergulho mais profundo nessa fase, dentro do seu atelier, além da instalação sensorial Eucaristia, em que envolve o coração com tecido queimado, forrado com pães, para representar os prazeres e as dores de ser mulher. E, para melhor incorporação de seus sentimentos e suas virtudes a obra permite a interação do espectador, ao comer o pão, num ato antropofágico. Sudário Profano, da série Ferro e fogo foi a obra escolhida da artista visual Maria Lucia Fontainha para A Maquina do Mundo.