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Filme filipino de quase 4 horas conquista Leão de Ouro

Lav Diaz foi o grande vencedor do 73º Festival de Veneza

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O filme "Ang Babaeng Humayo", do cineasta filipino Lav Diaz, conquistou o Leão de Ouro na 73ª Mostra Internacional de Cinema de Veneza, que terminou neste sábado (10).

Chamado em inglês de "The Woman Who Left" ("A mulher que deixou", em tradução livre), o longa tem quase quatro horas de duração e foi inspirado em um conto do escritor russo Liev Tolstói. Filmado em preto e branco, ele conta a história de uma mulher de meia idade (Charo Santos-Concio) que se vê obrigada a repassar sua vida após 30 anos presa injustamente.

Além do desejo de concluir uma vingança planejada durante três décadas, ela ainda luta para reencontrar o filho que não vê desde que foi encarcerada. "O filme demonstra que a existência é frágil. Ao fim de um dia, não sabemos nada", explicou Diaz.

O filme não estava entre os favoritos ao prêmio máximo do Festival de Veneza, mas acabou agradando ao júri presidido pelo cineasta britânico Sam Mendes, de "Beleza Americana".

O Leão de Prata de melhor direção foi dividido entre o russo Andrei Konchalovsky, de "Paradise", e o mexicano Amat Escalante, de "La región salvaje". Por outro lado, o Grande Prêmio do Júri foi para "Nocturnal Animals", do norte-americano Tom Ford.

A Coppa Volpi de melhor interpretação masculina foi entregue ao ator argentino Oscar Martínez, que no filme "El ciudadano ilustre", de Mariano Cohn e Gastón Duprat, vive um vencedor do Nobel de Literatura que retorna para seu povoado natal após passar 40 anos radicado na Europa.

Já o prêmio de melhor interpretação feminina ficou com a norte-americana Emma Stone, estrela de "La La Land", musical romântico de Damien Chazelle que foi bastante aplaudido pelo público em Veneza.

O terror romântico "The Bad Batch", da norte-americana Ana Lily Amirpour, levou o Prêmio Especial do Júri, enquanto "Jackie", filme do chileno Pablo Larraín sobre Jacqueline Kennedy, ficou com o troféu de melhor roteiro.

Por fim, a jovem alemã Paula Beer, 21 anos, protagonista de "Frantz", do francês François Ozon, conquistou o prêmio Marcello Mastroianni, dado sempre a atores ou atrizes emergentes. Ela interpreta Anna, que todos os dias visita a sepultura do namorado morto na Primeira Guerra Mundial.

Horizontes

Criada em 2004 para premiar produções que simbolizem "novas tendências estéticas e expressivas", sem distinguir gênero ou duração, a mostra "Horizontes" teve como grande vencedor em 2016 o filme "Liberami", da italiana Federica Di Giacomo.

O documentário fala sobre o fenômeno do exorcismo e o crescente número de padres que o praticam no país que abriga o Vaticano, coração do catolicismo. A estatueta de melhor ator foi entregue ao português Nuno Lopes, que interpreta um boxeador desempregado em "São Jorge", de Marcos Martins.

A história se passa no período em que Portugal vivia sob supervisão da União Europeia para deixar a crise econômica. Lopes já participou de algumas novelas no Brasil, como "Esperança" e "Senhora do Destino", da "Rede Globo".

Já o prêmio de melhor atriz ficou com a espanhola Ruth Díaz, estrela de "Tarde para la ira", de Raúl Arévalo. A belga Fien Toch foi escolhida melhor diretora pelo longa "Home"; "Koca Dünya", do turco Reha Erdem, conquistou o Prêmio Especial do Júri; e "Ku Qian", do chinês Wang Bing, faturou a estatueta de melhor roteiro.

Por sua vez, "La Voz Perdida", do uruguaio Marcelo Martinessi, venceu como melhor curta-metragem.