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Estreia do espetáculo "Pareidolia - depois do fim" no Teatro Cacilda Becker

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Espetáculo de multilinguagens do Grupo Gestopatas, Paredolia – depois do fim leva à cena máscaras teatrais construídas a partir de objetos de uso cotidiano. Mesclando técnicas da dança, da mímica e do teatro gestual, o trabalho aborda um contexto pós apocalíptico do mundo, em que restaram apenas seres “mutantes” e restos de objetos que insistem em se recriar para que a vida se perpetue, ainda que em contextos áridos e muito pouco propícios.

Ao longo do espetáculo o público assiste a um repertório de seres construídos a partir de restos de objetos que se relacionam entre eles e com a plateia, gerando situações absurdas, por vezes cômicas, e sobretudo inusitadas. Os 3 intérpretes também exploram a união de corpos com o intuito de sugerir formatos de rostos gigantes, fazendo jus ao título do trabalho (“Pareidolia” é um fenômeno psicológico conhecido por fazer as pessoas reconhecerem imagens de rostos humanos ou animais em objetos, sombras, formações de luzes e em qualquer outro estímulo visual aleatório).Pareidolia – depois do fim aborda de forma não óbvia a questão da sustentabilidade – tão importante para contemporaneidade - reutilizando lixo para construir máscaras e formas animadas. O trabalho também problematiza a questão da escassez dos recursos naturais, ponto que assola de maneira geral as mais diversas culturas e sociedades atuais. 

Abdicando da palavra para dar vez à comunicação gestual, o espetáculo pode ser compreendido e apreciado por todo tipo de público, independentemente de sua língua/origem natal. O cenário conta com piso constituído por uma trama de plástico bolha, que assume formas diversas ao longo do trabalho e do qual surgem inesperadamente objetos com vida (máscaras cênicas) e dentro do qual também se ocultam lixos de todos os tipos - em Pareidolia o conceito de lixo está para além dos objetos; é pensado dentro da relação de afeto estabelecida por entre os intérpretes e suas relações com o gesto. Assinada por Pedro Struchiner, a luz constrói atmosferas sempre em interação com a matéria do plástico bolha: hora assume a frieza de uma humanidade extinta, hora revela a insistência dos corpos em gerar calor. A direção é de Cecilia Ripoll e, na cena, os intérpretes-criadores Ademir de Souza, Julia Pastore e Tania Gollnick.