O ano era 1992. Jô Soares recebia em seu programa de entrevistas uma travesti de trajetória curiosa. Lady Christiny nasceu Celso Marques, carioca, cantor, casado, de família evangélica e pai de um casal de filhos. Conheceu a mãe de seus filhos ainda na adolescência, quando fugiram da casa dos pais para viver um amor juvenil. Após o nascimento do segundo filho, sua esposa percebe seu desinteresse pela vida de casal e o encantamento com um amigo que eventualmente os visitava. Não bastasse propor uma vida a três, essa mesma esposa é a primeira pessoa a sugerir a Celso sua transformação para Lady Christiny. Tudo isso tratado com muito respeito e até mesmo de maneira conservadora.
A entrevista rendeu tanto assunto que ocupou dois blocos e ao final o apresentador ainda convidou Lady para um número musical. Aquele personagem inusitado e com tanta vocação artística deixou o então jovem Alexandre Lino, morador de Gravatá, interior de Pernambuco, curioso sobre aquela história. Em 2002, já morando no Rio de Janeiro e cursando cinema, ele reconhece Lady pelas ruas da cidade. Inicia uma aproximação que rendeu um documentário produzido em 2005 em que ela mesma conta toda história e ainda inclui a participação de sua filha, além, claro, de dois números musicais.
Agora chegou a hora de contar a história real de Lady Christiny nos palcos. Interpretado por Alexandre Lino, com texto de Daniel Porto e direção de Maria Maya,o monólogo tem como base a biografia e o documentário de grande sucesso e toda equipe de profissionais que compuseram a ficha técnica do bem sucedido 'O Pastor', criando um eco entre o sagrado e o profano.
Contar a história de Lady Christiny, num momento em que se discute bravamente a configuração da nova família é oportuno. Um travesti que nunca se prostituiu, com uma visão conservadora da vida e que, mesmo mantendo uma conduta séria e respeitável e sendo bem sucedido profissionalmente, não deixou de enfrentar as discriminações e as dores de uma opção de vida da qual, segundo ele, não há volta.
A peça mistura realidade e ficção, cinema, teatro e interatividade. As apresentações contarão com a presença de uma psicóloga (invisível) e rompimento proposital da quarta parede onde o público será convidado e estimulado a fazer perguntas ao personagem (ator).
'Lady Christiny' estreia dia 8 de julho no Teatro Sesc Tijuca – Teatro II, 19h, onde cumpre temporada de sexta a domingo às 19h, até o dia 31 de julho.
Ficha técnica
Texto: Daniel Porto
Direção: Maria Maya
Elenco: Alexandre Lino
Direção Musical: Alexandre Elias
Iluminação: Renato Machado
Cenário e Figurinos: Karlla de Luca
Preparação Corporal: Paula Feitosa
Programação Visual: Guilherme Lopes Moura
Fotografia: Janderson Pires
Assessoria de Imprensa: Minas de Ideias
Produção Executiva: Equipe Cineteatro
Preparação Vocal: Gina Martins
Idealização e Direção de Produção: Alexandre Lino
Realização: Documental Cia e Cineteatro Produções
Apoio Institucional: Grupo Arco Íris e Rio Contra Homofobia.
Equipe técnica de suporte: Grupo Damas (equipe de contra regras e camareiras Travestis)
Serviço: 'Lady Christiny'
Data: 8 a 31 de julho, de sexta a domingo, as 19h
Local: Teatro Sesc Tijuca- Teatro II - Rua Barão de Mesquita, 539 – Tijuca
Ingresso: R$ 8,00 (Inteira) –R$ 4,00 (Meia) – R$ 2,00 (Associados Sesc)
Classificação: 16 anos
Mais informações: (21) 3238-2167