ASSINE
search button

Espetáculo "Eugênia" estreia no Teatro Sérgio Porto

A quarta temporada da peça será em julho, com entrada franca

Compartilhar

Nestes tempos em que as mulheres ainda sofrem preconceitos e são condenadas quando vítimas, nada mais apropriado do que refletir sobre o papel delas na história. Apropriado e, ao mesmo tempo, divertido, se a interpretação for da atriz Gisela de Castro no monólogo “Eugênia”, dirigido por Sidnei Cruz. O espetáculo volta para sua quarta temporada, desta vez no Teatro Sérgio Porto, no Humaitá, entre os dias 2 e 25 de julho – sábados, domingos e segundas-feiras –, no horário nobre das 21h, com ingressos gratuitos.

Com indicações em vários prêmios – melhor atriz no voto popular do site Botequim Cultural de Teatro, melhor figurino no Shell e melhor cenário no Cesgranrio –, “Eugênia” vem de três bem-sucedidas temporadas: no Teatro Maria Clara Machado do Planetário da Gávea; no Teatro Eva Herz da Livraria Cultura, no Centro; e no teatro Glaucio Gill, em Copacabana. O projeto foi contemplado no Programa de Fomento à Cultura Carioca e agora tem temporada gratuita viabilizada pelo Edital Fomento Olímpico, da Secretaria Municipal de Cultura da Prefeitura do Rio.

A peça parte do texto de Miriam Halfim, que pesquisou a história da personagem-título e do contexto político e social da época. Eugênia José de Menezes, filha do governador de Minas Gerais, teve um romance com Dom João VI, engravidou e foi expulsa da Corte, sendo exilada num convento. Conhecido por seu desleixo corporal e apetite voraz para devorar um frango assado inteiro, o Príncipe Regente de Portugal gravou seu nome na história ora como covarde e preguiçoso, ora como um generoso monarca. Mas se o texto partiu de ampla pesquisa histórica, foi ganhando vida graças à afinação entre Gisela e Sidnei, que já haviam trabalhado juntos anteriormente. O resultado da sintonia entre atriz e diretor é um texto rico em humor e ironia, experimental e coletivo, com muito potencial performático, que diverte e faz pensar ao mesmo tempo. A história real vira, na peça, uma saga recheada de sedução, com espírito de aventura, cuja discussão perpassa tanto pelo trágico como pelo cômico.

 “Quando recebi o convite para fazer Eugênia, pensei: qual a relevância de falar da amante do rei português no século XIX? Ao conhecer a história, vi o quão urgente era contá-la hoje, século XXI, em que mulheres – executivas, professoras, negras, feministas, prostitutas, cientistas, trans, latino-americanas, lésbicas, de burca, tanga ou hábito – ainda precisam clamar por direitos. Veio o roteiro e o texto foi ganhando a embocadura da atriz, a costura do diretor, dos ensaios para a cena”, conta Gisela, que vive um grande momento em sua carreira, no cinema e no teatro, atuando, ao mesmo tempo, em três monólogos e outras duas peças. A atriz está filmando o longa-metragem de Aída Marques, “Trágicas”, que protagoniza interpretando três personagens das tragédias gregas – Antígona, Electra e Medeia –, cada uma adaptada em forma de monólogo, numa estética totalmente teatral. O terceiro monólogo é em “Solos de memória”, em fase de ensaios, que vai reestrear desta vez no Teatro Sérgio Porto, em agosto. Gisela ainda está em cartaz em mais dois espetáculos: “As três irmãs”, até 24 de julho no Casarão Austregésilo de Athayde, e “Os sapos”, de Renata Mizrahi, que, depois de temporada fora do Rio de Janeiro, faz a circulação Sesi RJ em julho e uma temporada gratuita em Furnas no mês de setembro.