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Carlos Fragoso inaugura mostra na Galeria Candido Mendes

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O artista plástico Carlos Fragoso ainda se espanta com a insensatez do mundo atual. Em sua exposição individual, que abriu ontem na Galeria Candido Mendes de Ipanema – chamada, justamente, Tempos insensatos –, esse sentimento é retratado nas 15 gravuras e sete obras em papel que compõem a mostra. Um trabalho forte, representado por figuras que são “quase-homens” ou “quase-feras”. É impossível ficar indiferente à sua obra. “Quero que minhas obras sejam uma fonte para que as pessoas possam ver as coisas do mundo sob outro ponto de vista, que instigue uma forma diferente de pensar”, diz o artista.

As gravuras e desenhos da exposição são como espelhos que deformam a realidade, o sujeito, a sexualidade. A inspiração vem das ruas das grandes metrópoles – como Nova York e Miami, cidades entre as quais Fragoso se divide, com ateliês em cada uma –, seus habitantes, suas mazelas, o caos e a ambição. Com fortes traços expressionistas, suas personagens “mais simbolizam do que representam”, conforme escreve o artista plástico Rubem Grilo no catálogo da mostra. 

Rubem Grilo, aliás, participa com Carlos Fragoso e o crítico e pesquisador Paulo Sérgio Duarte, do debate “O que é a arte nesse momento de insensatez”, um complemento à exposição. Será nesta quinta-feira, dia 28, a partir das 19h, na Candido Mendes de Ipanema.

Quem foi à abertura da mostra dividiu com o artista este sentimento de perplexidade, diante de obras como a série de três gravuras intituladas Goldman que mostram, em tom dourado, os funcionários da Goldman Sachs – parte humanos, parte animais, reclinados sobre quatro patas. Ou a auto-suficiência dos potencializadores de empregos na economia americana, em The Job Creator. Ou ainda a figura enigmática em Young Wasp Out Looking for Trouble, que remete à sigla que significa, em português, o indivíduo branco, anglo-saxão e protestante. Ou mesmo a Young Brooklyn Family Sunday Outing, que reúne pai, mãe e filhos, formando uma unidade monstruosa.