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Escritor Malba Tahan foi professor da Faetec

Júlio César de Mello e Souza era seu nome verdadeiro 

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Quem conhece os livros do escritor Malba Tahan sabe da qualidade de suas histórias e sua importância para a literatura e ensino da Matemática. Ele é o autor do clássico “O Homem que calculava”, que conta as lendárias aventuras de Beremiz Samir em sua viagem à Bagdá, apresentando problemas matemáticos e tendo como cenário o mundo islâmico medieval. No entanto, a história por trás do nome do escritor é diferente e o verdadeiro autor deste e outros livros foi Júlio César de Mello e Souza, ex-professor do Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro (Iserj), unidade da Faetec instalada no bairro Tijuca.

Utilizando o heterônimo Malba Tahan, Júlio obteve reconhecimento em todo o mundo. Formou-se em Engenharia Civil, mas não chegou a exercer a profissão, já que a paixão pela Educação foi mais forte. Tornou-se professor de História, Geografia, Física e Matemática, disciplina na qual se apaixonou e dedicou sua vida. Deu aulas em instituições importantes e, por anos, lecionou na antiga Escola Normal, na década de 1950, que viria a se tornar o Iserj. Lá, ministrou as disciplinas "Literatura Infantil e Folclore", "Matemática na vida e na escola", "Português", "Matemática" e "A arte de contar histórias".

Um dos legados deixado pelo professor e escritor pode ser visto no acervo do Centro de Memória do Iserj. Nele, encontramos, por exemplo, a ficha funcional de Júlio constando seu último endereço na cidade maravilhosa, no bairro Gávea. O Iserj, inclusive, fez uma homenagem ao professor, colocando o nome Malba Tahan em uma das salas da unidade.

Malba Tahan, um ilustre personagem

Júlio César de Mello e Souza nasceu no Rio de Janeiro, em 1895. Criou a figura exótica e estrangeira de Malba Tahan, pois era apaixonado pela cultura árabe e acreditava que não teria sucesso um escritor brasileiro narrar o mundo árabe.

Para dar credibilidade a suas histórias, Júlio fez curso de árabe e consolidou seu personagem, contando com uma falsa biografia e grande história de vida, tudo para se tornar o mais verdadeiro possível. Para sustentar a criação, estudou a língua e costumes árabes, em especial a tradição dos contadores de histórias.

O Homem que Calculava

Um dos livros mais conhecidos de Malba Tahan, “O Homem que calculava”, lançado em 1938, foi escrito em forma de romance, apresentando problemas e tendo como cenário o mundo islâmico medieval. Seu personagem central é Beremiz Samir. Com mais de 2 milhões de cópias vendidas no Brasil e premiado pela Academia Brasileira de Letras em 1972, foi traduzido para várias línguas, como espanhol, inglês, italiano, alemão e francês.

Uma das histórias mais conhecidas do livro é a divisão da herança de 35 camelos, na qual Beremiz resolve o caso dos animais que deveriam ser repartidos entre três irmãos, de acordo com a vontade do pai. O mais velho deveria receber a metade, o do meio uma terça parte e o mais novo ficaria com a nona parte. Pensa por instantes e se coloca à disposição para resolver o problema.

Acrescenta um camelo — o do amigo que o acompanhava na jornada — aos 35 da herança e consegue dividi-los entre os três irmãos. O mais velho ficou com 18, o do meio com 12 e o mais novo com quatro. Somando, 34 camelos. Sobraram dois animais, sendo um o camelo do amigo e outro, que ficou para Beremiz como forma de agradecimento e pela resolução do problema.

Homenagem: Dia Nacional da Matemática

O Dia da Matemática é comemorado em 6 de maio e foi decretado em homenagem ao professor Júlio César de Mello e Souza. O objetivo da data é incentivar atividades culturais e educativas e refletir o ensino da Matemática.

Júlio César de Mello e Souza morreu aos 79 anos, com 74 anos, na cidade do Recife, em Pernambuco.