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Espetáculo ‘A hora da estrela’ estreia no Cândido Mendes

Clássico de Clarice Lispector ganha versão teatral com o uso de máscaras cênicas

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‘A Hora da Estrela’, espetáculo teatral inspirado na obra homônima da escritora Clarice Lispector, será encenado no Teatro Cândido Mendes em Ipanema, do dia 16 de setembro a 29 de outubro, com sessões quartas e quintas, às 21h.

A montagem, adaptada e dirigida por Érico José, é fruto da parceria entre o Coletivo Livre de Espetáculos (BA) e a Cia de Teatro Cordão Encarnado (RJ), que tomaram como base para a encenação a técnica das máscaras cênicas, desde a composição das personagens que passeiam pelo mundo de Macabéa, a protagonista da obra, até a visualidade e sonoridade da peça.

As máscaras confeccionadas por Flávia Lopes e Marise Nogueira, não só afetam a forma de atuação do espetáculo, mas todos os seus elementos, tanto os visuais como os sonoros, criando uma atmosfera lúdica e, ao mesmo tempo, profunda sobre as relações humanas e sociais de um Brasil dividido em muitos.

A atriz Joelma Di Paula, pernambucana radicada no Rio de Janeiro, vive Macabéa, desde sua infância no Nordeste até sua peregrinação para o Sudeste, e para cada momento de sua vida, a máscara marcará a passagem do tempo e as relações estabelecidas entre ela e os demais personagens que cruzam sua história. O ator carioca Angelo Mayerhofer dá vida aos demais personagens, tanto os masculinos quanto os femininos, se utilizando também de máscaras. Durante o processo de criação, os atores fizeram uma imersão pelo Nordeste durante 22 dias, e visitaram a cidade de origem de alguns personagens.

Assim como na escrita da autora, o espetáculo percorrerá de forma não cronológica a vida desta nordestina perdida na cidade maravilhosa e dentro de si mesma, através do recurso do flashback e da narração simultânea, alternando momentos de texto vocal com situações de carga visual e poética.

O cenário de Renata Cardoso explora a mudança ágil de objetos sobrepostos a um biombo-suporte que se transforma em vários ambientes da trama, como o quarto do cortiço onde Macabéa mora, o escritório onde trabalha, a praça, a casa da tia em Alagoas, o apartamento de Glória, a casa da cartomante, etc.  Sombras também são usadas como recurso narrativo, tendo o biombo como tela para as personagens mais simbólicas de  Clarice, como o tocador de violino, por exemplo. 

A iluminação, assinada por Aurélio de Simoni, faz uma alternância entre intimista e aberta, a partir da situação e do ambiente solicitado no desenrolar das ações e dos encontros das personagens. A trilha sonora, criada por Dj Dolores com a concepção de Érico José, segue a mesma linha e acompanha a transformação dos atores em cena.

"Dentre outros textos sugeridos pelo diretor Érico José, escolhi A Hora da Estrela, porque depois de ler o livro, não tive mais escolha, a Macabéa é tão real em suas contradições e complexidade, que é um desafio para qualquer ator. E como nordestina já senti tão fortemente essa sensação de "perdição na cidade grande" tão bem colocada por Clarice, que é como se eu tivesse sido convocada a contar essa história, que é a história de muitos de nós. Quem nunca se sentiu Macabéa na vida?”,indaga a atriz.    

A hora da estrela

'A hora da estrela' é também uma despedida de Clarice Lispector. Lançada pouco antes de sua morte em 1977, a obra conta os momentos de criação do escritor Rodrigo S. M. (a própria Clarice) narrando a história de Macabéa, uma alagoana órfã, virgem e solitária, criada por uma tia tirana, que a leva para o Rio de Janeiro, onde trabalha como datilógrafa. Na cidade grande ela se depara com um universo de personagens que a subjugam e a maltrata são eles: o patrão, a Glória (amiga do trabalho), Olímpico, (namorado), a tia (em flashbacks) e a cartomante.

Clarice escreve a obra sabendo que a morte está próxima e põe um pouco de si nas personagens Rodrigo e Macabéa. Ele, um escritor à espera da morte; ela, uma solitária que gosta de ouvir a Rádio Relógio e que passou a infância no Nordeste, como Clarice.  A despedida de Clarice é uma obra instigante e inovadora. Como diz o personagem Rodrigo, estou escrevendo na hora mesma em que sou lido. É Clarice contando uma história e, ao mesmo tempo, revelando ao leitor seu processo de criação e sua angústia diante da vida e da morte.

Ficha técnica

Texto: Clarice Lispector

Gênero: tragicomédia

Adaptação, encenação e concepção da trilha sonora: Érico José

Elenco: Angelo Mayerhofer e Joelma Di Paula

Narração: Ernandes Cardoso

Direção de arte: Renata Cardoso (cenário,figurino e adereços)

Iluminação: Aurélio de Simoni

Colaboração artística: Jacyan Castilho

Músicas: Dj Dolores

Confecção de Máscaras: Flávia Lopes e Marise Nogueira

Preparação para atuação com Máscaras: Flávia Lopes

Foto divulgação: Vinícius Mochizuki

Designer de Projeto: Alexei Potenkim

Programação Visual: Ricardo Rocha

Confecção de adereços: Ymanuel Duart

Cenotécnico: Moisés Cupertino

Costureira: Jane Travassos

Serviço: 'A hora da estrela'

Temporada: 16 de setembro a 29 de outubro, quartas e quintas-feiras, às 21h

Local: Teatro Cândido Mendes - Rua Joana Angélica, 63 – Ipanema

Ingresso: R$40 (inteira) R$20 (meia)

Classificação: 12 anos

Mais informações: (21)2523-3663