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Centro Cultural Correios inaugura exposição 'Pernambuco: o primeiro retrato do Brasil'

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O Centro Cultural Correios inaugura dia 12 de agosto, às 19h, a exposição Pernambuco: o primeiro retrato do Brasil. A mostra, sob a curadoria de Marcus de Lontra Costa, apresenta um amplo panorama de obras que retratam a paisagem pernambucana desde o século XVII até os dias de hoje.

O eixo curatorial proposto por Lontra Costa afirma que a pintura brasileira começa com Frans Post (1612-c. 1680), o artista holandês que chegou ao Brasil em 1637, quando da ocupação do “Novo Mundo”, como era chamado Pernambuco pela comitiva de Maurício de Nassau. Post foi o primeiro artista a pintar paisagens brasileiras – e é pelo olhar desse holandês que se dá a primeira visão do Brasil, quase dois séculos antes da chegada da Missão Artística Francesa ao país, em 1816. A pintura pernambucana foi fundamental para a formação de um olhar na pintura brasileira, que se estrutura com Post, se espraia com acadêmicos como Telles Jr., fundamentando-se com Cícero Dias no Modernismo brasileiro.

A paisagem pernambucana é um dos grandes temas da paisagem brasileira.  “Uma obra de arte de qualidade é ao mesmo tempo documentação e fantasia. Ela retrata e documenta aquilo que chamamos de realidade factual, mas ela também – e aí reside o impacto da ação artística – interpreta, reelabora e transforma.  Temos, diante de nós, um curioso espelho que retrata e ressignifica o real dando-lhe uma nova dimensão que une poesia e filosofia.Identificamos algo que nos é familiar, alguma coisa que reconhecemos, mas temos também, nesse mesmo olhar, o encanto e a surpresa com o novo a nos ensinar permanentemente que as realidades são várias, assim como são várias as pessoas, as suas verdades, as suas maneiras de ser e sentir o mundo em que vivemos”, explica o curador.

A paisagem pernambucana do século XIX será representada em obras de Telles Júnior (1851-1914). O artista estudou com o italiano De Martino na adolescência, período em que viveu no Rio Grande do Sul e com Agostinho da Motta, no Rio de Janeiro, porém, foi no Recife, para onde volta no final do século XIX, que sua obra assume a influência da pintura holandesa. Gilberto Freyre incluiu Telles Jr. em seu Manifesto Regionalista de 1926, como um dos artistas que representam o modernismo brasileiro no nordeste.  

Uma sala especial será reservada para a obra de Cícero Dias, um conjunto de obras com as cores fortes e a luz de um Brasil onírico e imaginário, que permanece mesmo quando o artista se estabelece em Paris. A paisagem do Recife na obra de Dias mantém o tom ocre da terra, seu trabalho nas décadas de 1940-50 é fortemente influenciado pelo cubismo, e mais tarde pelo abstracionismo, porém, a partir do final dos anos 1950 retoma com força a temática pernambucana.

Lula Cardoso Ayres (1910-1987), Gilvan Samico (1928), Aloísio Magalhães (1927-1982) e Abelardo da Hora (1924-2014), artistas de um Recife armorial, inspirado por Ariano Suassuna, cujos signos do Recife colonial e heráldico se mesclam às raízes culturais pernambucanas, trazem um conjunto de gravuras representativos dessa paisagem pernambucana mais recente.

Guita Charifker (1936) retoma a paisagem onírica e simbólica, associando formas humanas a animais e vegetais, realizados com precisão de detalhes, em obras de caráter fortemente erótico.

A mostra apresentará ainda um conjunto de obras de artistas pernambucanos modernos e contemporâneos que herdaram esse encantamento com a vista local e recuperam a tradição da paisagem como motivo principal de suas pesquisas artísticas. Esse olhar é o berço da civilização brasileira, que, por sua vez, se reflete nessa paisagem.

A exposição fica em cartaz até 4 de outubro.



Pernambuco: o primeiro retrato do Brasil

Curadoria: Marcus de Lontra Costa

Frans Post | Telles Júnior | Cicero Dias | Aloisio Magalhães | Lula Cardoso Ayres | Samico | Abelardo da Hora | Guita Charifker | Francisco Brennand |Tereza Costa Rego | José Cláudio | Andreza Silva | Antônio Mendes | Eduardo Araújo | Heron Martins | Luciano Pinheiro | Marcelo Peregrino | Plínio Palhano | Sebastião Pedrosa | Bete Gouveia | Bruno Vieira | Carlos Melo | Kilian Glasner | Lourival Cuquinha |Roberto Ploeg

Abertura: 12 de agosto às 19h

Exposição: 12 de agosto a 4 outubro de 2015

Terça a domingo: 12h às 19h - Entrada Franca

Centro Cultural Correios

Rua Visconde de Itaboraí 20 – Centro

Tel. 21 2253-1580