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Biblioteca Nacional elege autores que representam a alma carioca

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A Fundação Biblioteca Nacional (FBN) e a Academia Carioca de Letras (ACL) elegeram 45 autores de diversos gêneros literários e já falecidos, que com suas obras contribuíram para formação da literatura carioca desde o nascimento do Rio de Janeiro.

A lista foi divulgada nesta segunda-feira  em uma cerimônia na sede da Biblioteca, no centro do Rio. O projeto Construtores da Literatura Carioca faz parte das comemorações dos 450 anos da cidade. “São pessoas que refletiram sobre o Rio de Janeiro, pensaram sobre o Rio de Janeiro, captaram a alma carioca”, disse a presidenta interina da Biblioteca Nacional, Myriam Lewin.

O processo de eleição durou um mês e a escolha foi feita por uma comissão mista composta por 80 pessoas entre elas, personalidades ligadas à literatura, membros da ACL e os presidentes da Academia Brasileira de Letras (ABL), União Brasileira de Escritores (UBE-RJ), Academia Luso-Brasileira de Letras (ALBL), Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) e Pen Clube.

O presidente da ACL, o musicólogo e pesquisador Ricardo Cravo Albin, informou que no processo de escolha pela comissão130 autores receberam os votos, mas para fazer uma referência aos 450 anos foram eleitos os 45 que conquistaram mais votos. Eles terão os nomes registrados em atos oficiais da FBN e da ACL. “Seria impossível imaginar um júri que escolhesse 450 autores”, explicou Albin.

No grupo de 45 mais votados, há apenas seis escritoras. Na avaliação da diretora do Centro de Cooperação e Difusão da Biblioteca, Moema Salgado, isso reflete o processo histórico do papel da mulher na sociedade brasileira e no campo da literatura: “Não eram muitas as mulheres que viviam de literatura e de escrever ensaios. Não era predominante a mulher neste caso. Acho que é um reflexo deste recorte que demos de autores já falecidos”.

Para a diretora, a participação da mulher na literatura vem mudando em períodos mais próximos. “As mulheres estão muito mais presentes entre os autores do que estavam há 50 anos. Hoje é muito mais fácil identificar cinco grandes autoras e cinco grandes autores entre os vivos”, ressaltou.

Os dez mais votados serão tema de mesas redondas ou conferências que a Biblioteca vai realizar no auditório da instituição a partir de agosto. Elas serão abertas ao público e com entrada grátis. “Essas mesas redondas serão gravadas e irão por internet, pela Biblioteca Nacional, para os interessados, e constituirão resíduo para o livro dos dez maiores escritores dos 450 anos do Rio de Janeiro”, disse Cravo Albin.

O autor mais votado foi Machado de Assis que conquistou 53 votos. Segundo o presidente da Academia Brasileira de Letras, Geraldo Holanda Cavalcanti, o escritor é uma figura identificada com o Rio de Janeiro, porque a obra dele é a história da cidade do fim do século 19.

“Não há nenhuma outra que chegue à intimidade com os costumes e a mentalidade da época, maior do que o próprio Machado, mas toda a lista dos 45 é muito boa”, disse Cavalcanti.

O secretário municipal de Cultura e presidente do Comitê Rio 450, Marcelo Calero, disse que a literatura tem um papel fundamental na formação da vida carioca: “Um dos maiores propósitos dentro das comemorações dos 450 anos do Rio é justamente resgatar e revisitar esta memória carioca e especialmente dessas pessoas que tanto contribuíram para a nossa identidade”, disse.

A lista dos dez mais votados é a seguinte: Machado de Assis, 53 votos; Lima Barreto, 39; João do Rio (Paulo Barreto), 33; Nelson Rodrigues, 25; Rubem Braga, 25; Joaquim Manuel de Macedo, 24; Carlos Drummond de Andrade, 24; Vinicius de Moraes, 24; Marques Rebelo, 20; Manuel Antônio de Almeida, 20.