No jogo de espelhos que compõe o cenário de Horácio a pergunta “Quem é você?” ecoa o drama existencial que aflige o personagem central em diferentes fases da vida. Com direção e argumento de Carlos Gradim, montagem da Odeon Companhia Teatral – que estreia no dia 2 de julho no Rio – é uma reflexão sobre o quanto nos aprisionamos diante de certos acontecimentos da vida e como eles limitam a nossa existência.
Com nome inspirado no filósofo romano, Horácio é um personagem multifacetado pelo tempo, vivido na peça por três atores ao mesmo tempo.
Leonardo Fernandes dá vida ao jovem que sonha ser poeta, aos 23 anos. Aos 46, ele é um advogado distante de seu impulso inicial, interpretado por Alexandre Mofati. Já Geraldo Peninha é Horácio aos 72 anos, um homem maduro que olha para trás e consegue enxergar toda a sua história.
Os três criam no próprio velório um diálogo absurdo em relação à sua existência. “Deparar-se com Horácio significa estranhar-se a si mesmo. Reconhecer-se novamente”, explica Gradim.
Inspirado no livro Homem Comum (Everyman), do escritor norte-americano Philip Roth - que trata de temas centrais da existência humana, como desejos, arrependimentos, doenças, velhice e morte - espetáculo, com dramaturgia de Edmundo de Novaes, segue a linha de trabalho experimental presente na trajetória da Odeon, que transita entre clássicos, textos contemporâneos e criação própria.
O texto da peça, árido e pouco linear, é completado com o olhar e com a experiência do público. A complexidade está em revelar o herói contido em cada um.
“É uma tentativa de demonstrar que não devemos nos aprisionar na experiência de um trauma, de uma dor ou de uma perda. Pois, uma vez nessa prisão, deixamos passar as oportunidades de prazer e de alegria que a vida nos traz”, completa Gradim.
A instalação cenográfica de Niura Bellavinha, também responsável pelo figurino, apresenta um jogo de espelhos em que o público visualiza um novo olhar sobre sua imagem e os elementos que o cercam. O palco recebe ainda a iluminação criada por Telma Fernandes.
Carlos Gradim
Conhecido pelo trabalho à frente do Museu de Arte do Rio – MAR, Carlos Gradim também é diretor da mineira Odeon Companhia Teatral. O tema central das produções do diretor é a angústia do homem diante de seus embates existenciais. Sua intenção é realizar espetáculos que percorram esse labirinto das relações humanas, explorando diversas facetas que os sentimentos podem adquirir: drama, inquietude, angústia, paixão, traição.
Odeon Companhia Teatral
Fundada em 1998 por Carlos Gradim e Yara de Novaes, a Odeon, com presença marcante na cena mineira, destaca-se por sua proposta: buscar revelar o homem contemporâneo em meio a suas angústias, aspirações e pensamentos, através de uma linguagem própria. O sucesso dessa busca é revelado nos prêmios conquistados desde a peça de estreia do grupo – a montagem de Ricardo III, de William Shakespeare. Além disso, o talento e a habilidade da equipe fazem com que a companhia se consolide como uma das principais do Brasil.
Ficha Técnica
Direção e argumento: Carlos Gradim
Dramaturgia: Edmundo de Novaes
Elenco: Geraldo Peninha, Leonardo Fernandes e o ator convidado Alexandre Mofati
Cenografia e figurino: Niura Bellavinha
Designer de luz: Telma Fernandes
Trilha sonora: Morris Picciotto
Assistente de direção: Marcelo Aquino
Assistente de criação: Yara de Novaes Gomes
Assistente de produção: Glauce Carvalho
Preparação corporal: Suely Machado
Produção executiva: Mara Vieira
Coordenador de produção: Helber Santa Rita
Direção de produção: Gustavo Nunes
Produção: Turbilhão de Ideias Entretenimento
Realização: Instituto Odeon e Moinho Produções
Serviço: Horácio
Data: de 2 a 26 de julho, quartas, quintas, sextas às 21h; sábados às 19h e 21h; domingo às 17h e 19h
Local: Teatro Poeirinha - Rua São João Batista, 104, Botafogo
Ingressos: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia-entrada)
Classificação: 12 anos
Mais informações: (21) 2537-8053