O Senado da Itália realizou nesta segunda-feira (4) uma sessão solene em homenagem aos 750 anos do nascimento do poeta Dante Alighieri (1265-1321), autor de "A Divina Comédia".
A cerimônia contou com a presença do presidente do Conselho Pontifício para a Cultura, Gianfranco Ravasi, que leu no plenário uma mensagem escrita pelo papa Francisco. "Dante é um profeta da esperança, anunciador da possibilidade de resgate e libertação da humanidade", dizia o texto de Jorge Bergoglio.
Segundo o Pontífice, o escritor florentino convida todos a "recuperar o sentido do nosso percurso humano", atravessando "as tantas selvas escuras ainda disseminadas na nossa terra" e cumprindo a "peregrinação rumo a um objetivo maior, o 'amor que move o sol e as outras estrelas'". Esse último trecho é uma referência ao verso final da obra-prima de Dante.
Além disso, Francisco afirmou que o "sumo poeta" é uma das figuras mais ilustres da humanidade, um "artista de altíssimo valor universal que ainda tem tanto para dizer e doar por meio de suas obras". O Papa também lembrou que o citara em sua primeira encíclica, a "Lumen Fidei", na qual descreve a fé como uma "faísca que se dilata em chamas" e que "cintila como uma estrela no céu".
A mensagem foi acolhida por um forte aplauso dos senadores e dos outros presentes no Parlamento, incluindo o presidente da Itália, Sergio Mattarella.
Apresentação
A celebração também teve uma performance do humorista, ator e diretor de cinema italiano Roberto Benigni, vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro por "A vida é bela". O artista recitou de memória o canto XXXIII do "Paraíso", terceira parte da "Divina Comédia".
Segundo ele, esse é o trecho mais belo do livro. "É um verdadeiro diamante, um presente incrível perante o qual se fica sempre como se estivesse suspenso. A Divina Comédia é um milagre, uma obra cuja beleza é de tirar o fôlego", salientou Benigni, que foi ovacionado.
A criação máxima de Dante Alighieri tem o próprio autor como protagonista, percorrendo os círculos do Inferno, do Purgatório e do Paraíso. Nos dois primeiros, ele é levado pelo poeta Virgílio, autor da "Eneida", e no último a guia é Beatriz, sua musa inspiradora. (ANSA)