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Theatro Municipal abre sua temporada lírica

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A Fundação Theatro Municipal do Rio de Janeiro abre sua temporada lírica de 2015 com Fidelio, única ópera composta por Ludwig van Beethoven (1770-1827). Serão quatro récitas com o Coro e a Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal, a partir de domingo (26/4), tendo a soprano Melba Ramos e o tenor Martim Homrich como intérpretes dos papéis principais de Leonore e de Florestan. Completam o elenco de solistas, a soprano Julie Davies, os baixos Savio Sperandio e Paul Armin Edelmann, os barítonos Sebastian Noack e Fabrizio Claussen e os tenores Santiago Ballerini e Ricardo Tuttmann. 

Na nova montagem, a premiada Christiane Jatahy assina a encenação e a direção do filme a ser projetado durante a sessão. Marcelo Lipiani faz a direção de arte, Beto Bruel desenha a iluminação e a dupla Antonio Medeiros e Tatiana Rodrigues elabora os figurinos. A direção musical e a regência são do maestro Isaac Karabtchevsky.

"Fidelio surge do mesmo impulso criador que teria originado em Beethoven o espírito da música instrumental nas obras vocais. Muitas das árias nasceram desta força propulsora que impõe às vozes a técnica dos instrumentos, elevando-as a regiões que, na época, eram consideradas inatingíveis.Em um período predominantemente marcado pelo bel canto italiano e pela incontestável soberania de Rossini, Fidelio foi envolta em críticas – ora aguda, ora grave demais, ora alheia à dinâmica teatral – e Beethoven foi obrigado a reformular sua ópera várias vezes. Aquilo que resultou deste esforço é uma obra concisa e de rara beleza. Nada é supérfluo e a primazia dos planos sonoros é determinada pelos climas psicológicos, cuja densidade provém do lamento dos prisioneiros, da revelação de Leonore e da aparição de Don Fernando, que conduzem a um final apoteótico, impulsionado pelo espírito libertário e pela luta contra a tirania", afirmou o maestro Isaac Karabtchevsky, presidente da Fundação TMRJ. 

A ópera Fidelio nasceu de uma gestação de quase dez anos para Beethoven, desde a estreia desastrosa, em 1805, até sua consagradora terceira versão, de 1814. O compositor alemão pretendia abordar em sua ópera uma discussão sobre poder e justiça, sob o ponto de vista da afirmação do indivíduo e seus valores afetivos, temas afinados com o Romantismo, movimento prenunciado na obra dos então jovens escritores Goethe e Schiller, admirados por Beethoven. Não por acaso, a cena final foi considerada extremamente ousada naqueles idos do século XIX, pois mostrava a tomada de uma prisão e a libertação de todos os presos políticos. 

A trama narra a história de Leonore, mulher que se disfarça de homem e assume a identidade do personagem-título para buscar seu marido, Florestan preso nas masmorras da Prisão Estadual de Sevilha. Durante a busca, Marzelline, filha do chefe dos carcereiros, se apaixona por Fidelio e o pai da moça, sem saber que se trata de uma mulher disfarçada, se apressa em marcar o casamento. A primeira apresentação de Fidelio no Theatro Municipal foi em 1927, em versão italiana com regência do maestro Gino Marinuzzi. 

A montagem contemporânea concebida por Christiane Jatahy segue a sua linha de pesquisa formal da linguagem teatral e se passa nos dias atuais. Nesta produção há ainda a projeção de um média-metragem, roteirizado pela própria diretora e com direção de fotografia de Paulo F. Camacho, que utiliza como locação o subsolo do Theatro Municipal, sob as estruturas do palco, para ambientar a prisão de Sevilha. 

No filme, os atores Stella Rabello, Julio Machado, Ricardo Santos e Danilo Grangheia representam os personagens centrais de Fidelio / Leonore, Florestan, Rocco e Pizarro, respectivamente. Sem dizer textos, eles atuam nas cenas enquanto os intérpretes dos mesmos papéis – Melba Ramos, Martim Homrich, Savio Sperandio eSebastian Noack – cantam.  

O projeto Falando de Ópera está de volta na temporada de 2015 e terá como palestrante o maestro Silvio Viegas, maestro Titular da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal. Ele falará sobre a história de Fidelio e abordará também detalhes específicos desta montagem. As palestras são gratuitas, com uma hora de duração, com início uma hora e meia antes do começo de cada sessão, no Salão Assyrio.