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Projeto Cinemaneiro ensina jovens a produzir filmes socioambientais

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O projeto Cinemaneiro chega este ano às comunidades de Gretisa, em Inhaúma, e do Morro da Família, em Água Santa, na zona norte do Rio de Janeiro, com o objetivo de sensibilizar os jovens para o aprendizado da linguagem audiovisual e, por meio de oficinas, incentivar a produção de filmes. O projeto é patrocinado pela Lamsa, concessionária que administra a Linha Amarela, por meio da Lei Municipal de Cultura.

As inscrições estão abertas até 10 de abril para os jovens de Inhaúma, e até o dia 30 para a comunidade de Água Santa. As aulas serão iniciadas nos dias 13 de abril e 11 de maio, respectivamente, e serão dadas às segundas, quartas e sextas-feiras, sempre no período da tarde. O professor será o diretor e roteirista Frederico Cardoso, presidente do Congresso Brasileiro de Cinema, instituição que reúne 63 entidades do setor audiovisual.

Iniciado em 2002, o projeto Cinemaneiro já atendeu, em oficinas de produção, direção, câmera, captação de som e edição de filmes, a 1,8 mil alunos de 14 localidades situadas no entorno da Linha Amarela, resultando em mais de 50 filmes de curta duração e videoclipes produzidos.

Este ano, Cardoso informou que será a primeira vez que as oficinas terão um foco específico, que é a produção de documentários. “Até o ano passado, a gente sempre deixava livre para a turma escolher se ia fazer documentário ou ficção”, disse. Ele acrescentou que este ano o foco na realização de documentários serve para experimentar o audiovisual como uma forma de melhoria das condições sociais ou ambientais do entorno das duas comunidades. “A ideia é que a gente aplique o trabalho socioambiental juntamente com a formação audiovisual para que eles [os alunos] captem essas imagens e possam fazer o documentário”.

Serão selecionados 30 alunos de cada comunidade para participar do projeto. A idade mínima para se inscrever é 13 anos porque, em função da dificuldade de manuseio de alguns equipamentos, eles não são adequados para crianças menores. Frederico Cardoso disse que não há idade máxima estabelecida. Pela experiência adquirida em anos anteriores, porém, a maioria dos alunos fica na faixa etária de 14 a 20 anos.

A moradora da comunidade Águia de Ouro, vizinha da Gretisa, Zélia Félix, atua como promotora do Cinemaneiro na região, convidando jovens para participar do projeto. Dois filhos de Zélia já frequentaram as oficinas em 2013 e pretendem se inscrever nesta nova edição. Para Zélia, o projeto é importante “porque os jovens aprendem como fazer um vídeo, um filme, a tirar fotos. E isso serve para o futuro”.

Cada turma de 30 alunos fará dois documentários, que serão exibidos, ao final do projeto, para a própria comunidade. Os melhores filmes são inscritos depois em festivais e mostras de cinema. “A gente também busca fazer sessões especiais”. O Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) e a Casa de Rui Barbosa já exibiram filmes feitos dentro do projeto. Há ainda um cineclube itinerante.

Ex-coordenador executivo do Programa CineMais Cultura e do Programadora Brasil, do Ministério da Cultura, Cardoso informou que está sendo montado, no âmbito do Cinemaneiro, um canal no You Tube que vai abrigar também esses filmes. “A vida desses filmes não acaba na oficina”, garantiu. Frederico Cardoso relatou que muitos dos jovens atendidos acabam se interessando em aprofundar os conhecimentos adquiridos e são direcionados pelo projeto a frequentar novos cursos e estágios em outras produtoras. “Isso dá a eles diferentes visões do processo de produção”, destacou.