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Filme que satiriza Kim Jong-un estreia no Brasil

"A Entrevista" desencadeou crise entre EUA e Coreia do Norte

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Após muita controvérsia, o longa "A Entrevista", com os atores James Franco e Seth Rogen, foi lançado nesta quinta-feira, dia 29, nos cinemas de todo o Brasil.

A comédia, que conta a história de dois repórteres que são encarregados de matar o ditador norte-coreano, Kim Jong-un, chama menos atenção por suas qualidades do que pela polêmica que seu lançamento desencadeou entre Washington e Pyongyang.

Diretores da Sony Pictures, que lançou a produção, tiveram suas contas de e-mail atacadas por hackers que as agências de inteligência norte-americanas acreditam estarem ligados ao governo de Kim Jon-un, apesar de seu regime rechaçar as acusações.

Conteúdos secretos, e muitas vezes ofensivos, foram espalhados pela Internet, provando a força de alcance dos supostos hackers norte-coreanos. O lançamento da produção foi cancelado e o ataque ainda piorou as já conturbadas relações entre Estados Unidos e Coreia do Norte, o que resultou até mesmo nas ampliações das sanções por parte de Washington. O escândalo ainda trouxe à tona a delicada situação da segurança doméstica norte-americana.

O presidente Barack Obama tentou amenizar a situação. "Entendo as preocupações do estúdio, que sofreu significantes perdas, mas acho que cometeram um erro. Não podemos ter uma sociedade em que algum ditador, em algum lugar, comece a impor censura aqui nos Estados Unidos. Eu gostaria que eles tivessem falado comigo antes, porque teria dito para não se intimidarem com esses ataques criminosos", disse.

Diante da comoção causada, principalmente nos Estados Unidos, a Sony decidiu lançar o filme na Internet. A curiosidade fomentada pelo caso transformou a obra no lançamento digital mais lucrativo da história de Hollywood.

Após alguns dias, a produção chegou a cerca de 300 salas de cinema nos Estados Unidos, arrecadando quase US$ 1 milhão em sua estreia. O presidente de distribuição da Sony Pictures, Rory Bruer, comemorou. "A reação do público foi fantástica", disse. 

Ataques 

André Quintão, especialista em segurança na Internet e idealizador do projeto Web Segura (websegura.blog.br), explicou que o computador utilizado para os ataques estava ligado a redes da Coreia do Norte, mas não acredita que a ação esteja ligada ao país. Ele levanta a hipótese de que possa ter sido realizado por simpatizantes do regime.

"O ataque à rede da Sony, pelo modo como foi feito e pelo nível de conhecimento empregado, realmente não parece ter sido coisa do governo norte-coreano, teoria que compartilho com outros profissionais da Internet", apontou.

Segundo ele, os norte-coreanos costumam ter como alvo os vizinhos do sul e raramente comentam suas ações. "Usar a produção de um filme como iniciativa de um conflito mais sério é pouco provável", acrescentou.

Quintão ainda destacou que os hackers que invadiram os servidores da Sony declararam possuir muitas informações valiosas para serem reveladas. "Nesse momento, nos resta aguardar o que ainda está oculto e quando tudo isso será descortinado". (ANSA)