ASSINE
search button

18ª Mostra de Cinema Tiradentes homenageia a atriz Dira Paes

"Órfãos doEldorado", filme inédito estrelado pela atriz paraense será exibido na abertura do evento 

Compartilhar

Consolidada como a maior plataforma de lançamento do cinema brasileiro independente, a Mostra de Cinema de Tiradentes, em sua 18ª edição, a ser realizada na cidade histórica mineira no período de 23 a 31 de janeiro de 2015 inaugura o calendário audiovisual no Brasil apresentando ao público mais de 100 filmes em pré-estreias nacionais e mundiais, oficinas, debates, seminário, exposições, lançamento de livros, cortejo da arte, teatro de rua, atrações artísticas numa programação abrangente e oferecida gratuitamente para um público estimado em mais de 35 mil pessoas.

No ano de sua maioridade, a Mostra de Cinema de Tiradentes homenageia uma atriz de grande significado para os 18 anos de caminhada do evento, realizado anualmente na cidade histórica mineira. A atriz paraense Dira Paes terá sua carreira celebrada pela mostra. Na abertura, será exibido o longa-metragem inédito "Órfãos do Eldorado", em que Dira atua sob direção de Guilherme Coelho em adaptação do romance do autor amazonense Milton Hatoum.

Dira Paes (ou Ecleidira Maria Fonseca Paes, seu nome de batismo) nasceu em Abaetetuba (PA) em 1969. A atriz estreou nos cinemas ainda adolescente, com 16 anos de idade, no longa "A Floresta das Esmeraldas", do diretor estadunidense John Boorman. Apenas dois anos depois, fez "Ele, o Boto", filme emblemático de Walter Lima Jr que já se aproximava do tipo de produção que a atrairia nos anos seguintes, sedimentando sua caminhada como uma das profissionais mais versáteis, ousadas e corajosas da dramaturgia cinematográfica e televisiva no país.

"Foi no momento de reaquecimento da produção de cinema (em 1994), ainda a duras penas, que a atriz paraense impôs sua presença, com  cabelos pretos, pele morena, aparência de brasileira amazônica e um fácil naturalismo, testado em personagens de diferentes sotaques, com acentos do cangaço e dos pampas, apesar de sua origem no Norte", destaca Cléber Eduardo, curador da Mostra. Ele afirma que a escolha por Dira Paes como homenageada se à identificação da atriz com o tipo de cinema valorizado na mostra e pela sua constante presença nas telas ao longo das últimas duas décadas.

De fato, Dira Paes se tornou rosto e corpo conhecidos não apenas por aparecer constantemente em novelas e séries de televisão, mas também por emprestar a presença magnética a longas-metragens de grande repercussão dentro e fora do Brasil. Depois de atuar, ainda não tão reconhecida, em "Corisco e Dadá" (1996), de Rosemberg Cariry, e "Anahi de las Misiones" (1997), de Sérgio Silva, Dira emplacou uma série de outros filmes, em especial dois de altíssima voltagem urbana e narrativa de impacto: "Cronicamente Inviável" (2000), de Sérgio Bianchi, e "Amarelo Manga" (2002), de Cláudio Assis.

Intercalando três frentes de trabalho (televisão, cinema comercial e cinema autoral), Dira Paes se tornou uma atriz blockbuster ao protagonizar, ao lado de Angelo Antônio, o drama "2 Filhos de Franscisco" (2005), no qual viveu a mãe dos cantores sertanejos Zezé di Camargo e Luciano. O filme foi visto por 5,3 milhões de espectadores. Menos de um ano depois, ela reapareceu num trabalho radicalmente diferente, repetindo a parceria com o pernambucano Cláudio Assis no multipremiado e controverso "Baixio das Bestas".

Os trabalhos mais recentes de Dira Paes a chegarem aos olhares do público foram nas minisséries "Amores Roubados" e "O Rebu", ambas sob direção de José Luiz Villamarin e exibidas nas noites da TV Globo em 2014.

A homenagem a Dira Paes segue uma tendência da Mostra de Tiradentes, sobretudo em anos recentes, de reverenciar intérpretes como João Miguel, Rosanne Mulholland, Irandhir Santos, Selton Mello e Simone Spoladore. Todos eles transitaram por outra tela mais pop, a da TV, mas têm em comum um pacto com o cinema de autor, realizado por diretores experientes ou em começo de percurso. "A distinção de Dira na homenagem da Mostra de 2015 é o reconhecimento a uma profissional de estrada firme e de mãos dadas com a história recente do cinema brasileiro", diz Cléber Eduardo.