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Mostra retrata andarilhos anônimos fotografados por um policial rodoviário

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O policial rodoviário federal Renato Lucena traz ao público de Brasília uma mostra de fotografias de pessoas consideradas muitas vezes invisíveis à sociedade: andarilhos que transitam no anonimato por rodovias. A exposição, que começa hoje (22) às 19h no Shopping Pátio Brasil, no centro da capital, é resultado de uma iniciativa individual de Lucena e as fotografias foram feitas em estradas de Cristalina, em Goiás.

Ao todo, são 20 imagens de 21 personagens, além de depoimentos dos fotografados, que muitas vezes se sentem excluídos da sociedade por terem optado por uma vida fora dos padrões e terem encontrado na estrada o sentido da vida. É o que relata, por exemplo, o depoimento do personagem Renê, que partiu pelas rodovias do país, depois de perder todos os seus pertences em uma enchente que atingiu a casa onde morava, em Vitória, Espírito Santo.

A partir da exposição, os personagens que, aparentemente vieram de lugar nenhum, relatam suas origens e um pouco de sua história. Eles já foram cozinheiros, caseiros, autônomos e vieram, muitas vezes, de estados distantes da capital, como Paraíba, Rio de Janeiro e Pará. A vontade de sair do anonimato e ter sua história contada aparece, por exemplo, no relato de Antônio. Nascido em Nova Floresta, na Paraíba, Antônio pede ao autor das fotos, Renato Lucena, que coloque sua história e imagem na internet "que é pra eu poder me ver".

A policial rodoviária federal Juliana Moreira, que conferiu o trabalho do colega, lamenta que não existam "políticas de integração entre as instituições para que sejam feitos trabalhos específicos para essas pessoas. Na própria Polícia Rodoviária Federal (PRF) não são contabilizados os acidentes envolvendo especificamente essa parcela da população", diz ela, ao lembrar que muitos atropelamentos têm essa população como vítima.

Com o projeto, Pâmela Vieira, que também é policial rodoviária federal, espera que os andarilhos sejam vistos com olhar mais cidadão pelas autoridades. Para ela, a ideia de fotografar e apresentar essas pessoas ao público, é um primeiro passo em direção a esse caminho. "Esperamos que essa tentativa de humanizar nosso olhar sobre essa população seja um primeiro passo em direção à políticas mais inclusivas e de reconhecimento mais cidadão para eles", reitera.

A mostra está no segundo piso do shopping e pode ser vista até o dia 5 de novembro.