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Fresno grava DVD e mostra sua “maré viva” de fãs

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Quando um artista decide gravar um DVD, é normal que o registro do show seja acompanhado de efeitos visuais para que as câmeras tenham imagens de sobra para a edição. Na noite dessa quinta-feira (16), no Audio, em São Paulo, a banda gaúcha Fresno entregou tudo isso, mas quem deu o show foram os fãs do quarteto. O último EP da banda,Eu Sou a Maré Viva, faz uma analogia que define bem a relação que o grupo criou com seus fãs mais fiéis.

Desde a fase independente do início dos anos 2000, passando pelo mainstream exagerado que ajudou a desgastar o “gênero emo” com o disco Redenção (2008), o Fresno acabou por se reencontrar com a sua independência em Infinito (2012) e o último EP, lançado neste ano. A apresentação, cujo registro marca os 15 anos de existência da banda, resume de alguma forma como a fidelização de fãs é importante neste cenário tão esfriado do rock nacional.

Na mesma avenida onde o Fresno gravava seu DVD, o público se misturava: Michel Teló fazia seu próprio registro em uma casa ao lado e o 30 Seconds to Mars de Jared Leto se apresentava no Espaço das Américas, a poucos metros do local.

A casa, que comporta 3 mil pessoas, estava lotada no piso inferior. Nos camarotes, convidados, amigos, familiares e fãs assíduos disputavam a visão nas áreas mais próximas das grades, estas que receberam inclusive algumas bandeiras do Rio Grande do Sul.

O grupo subiu ao palco já esbanjando um efeito visual inusitado. Tocando atrás de uma espécie de tela, a projeção em 3D de um cubo girava como se os integrantes estivessem dentro dele. A música de abertura foi À Prova de Balas, que também abre o EP mais recente, cantada do começo ao fim aos gritos.

Se a música de trabalho mais nova já teve essa recepção, o que seria dos sucessos mais antigos?

O repertório com mais de vinte canções fez um passeio na trajetória da banda, intercalando trechos de explosão, como Eu SeiDesde Quando Você Se Foi e Sobreviver e Acreditar. Mas também houve espaço para o coro entoado entre Lucas Silveira e seus fãs, como Porto Alegre, no momento que o vocalista agradeceu a presença de seus pais na casa.

Mesmo canções de fase diferentes, como Maior que as Muralhas e Quebre as Correntes, deram liga ao setlist, que mostra uma coesão no caminho trilhado pela banda resultando nestes 15 anos devidamente registrados.

Por outro lado, é totalmente compreensível que  a gravação de um DVD seja menos ritmada que um show normal, mas o grupo teve alguns sofrimentos “bônus” com a demora na hora de montar e desmontar o cenário para o segmento acústico ou quando o violão de Lucas teve um problema com a bateria que faz a alimentação da sua parte elétrica.

Essas pausas por problemas técnicos poderiam ter estragado o clima dos fãs e comprometido a apresentação, mas não foi o caso. A maré estava mais do que viva.