ASSINE
search button

'Maracangalha' resgata obra de Sylvia de Leon Chalreo

Compartilhar

Artista plástica, militante política, feminista, poetisa. Silvia, nome simples, sem sobrenome, foi como se nomeou ao fazer-se pintora aos 35 anos. Nascida no Rio de Janeiro em 1905, a carioca pôs-se a pintar e descobriu que a simplicidade seria a característica de seus traços, suas cores e seus retratos com tinta. “Um dia, acordei pintora”, dizia. Para celebrar a vida e a obra de Sylvia de Leon Chalreo, uma obra literária intitulada “Maracangalha” recupera os marcos de oito décadas que compreendem a trajetória da artista. O lançamento acontecerá no próximo dia 23, às 18 horas, no Museu Internacional de Arte Naïf, Rua Cosme Velho, 561, no Rio de Janeiro. 

Sylvia tinha uma personalidade muito à frente da época em que viveu. A artista deu vida a cenas cotidianas de um Brasil colorido. Usava tons fortes, pintava o povo nas ruas. Por isso, sem querer, tornou-se um dos maiores expoentes brasileiros da arte naïf (ingênuo) ou primitiva moderna. Título que conserva até hoje.  

A pintora começou escrevendo. Dedicou-se ao jornalismo, assim como foi uma importante expoente da militância feminista e política do século passado. Em sua produção jornalística destaca-se a criação da Revista Esfera, especializada em Artes, Ciência e Literatura, que circulou durante a II Grande Guerra e reuniu intelectuais e artistas do Brasil e do exterior. Mas, foi pintar o que a tornou completa. Costumava dizer, como contam os amigos, que a pintura deu-lhe a alegria da perfeita expressão.  Mulher inovadora, com múltiplas faces. Entre elas, a da anfitriã calorosa, que fez de sua casa ponto de encontro de artistas, um lugar irresistível de se ir. A casa, famosa, tinha o nome que intitula o livro: Maracangalha. Foi ali que viveu, num inusitado arranjo familiar, a pintora, a feminista ousada, a jornalista cultural e a militante política, simplesmente Sylvia. 

No livro está a síntese de todas essas mulheres e de sua produção como artista plástica. A pesquisa foi realizada por Ana Lúcia Queiroz, que também assina o texto do livro. A publicação conta também com um levantamento iconográfico feito por Márcia Zoet – sobrinha de Pedro Xavier, com quem Silvia morou por mais de 35 anos e que virou, também, sua família.  Ana Lúcia Queiroz e Márcia Zoet explicam que o objetivo da obra não foi escrever uma biografia e sim trazer para vida memórias e obras que não podem ficar paradas no tempo. “Tampouco nos propusemos a fazer uma análise estética (esta, uma tarefa para especialistas)”, diz Marcia.