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Mulher Maracujá ou Mão Santa, lenda viva da Rocinha

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Maria Clara dos Santos, ou mais conhecida como Mão Santa ou Mulher Maracujá, completou 50 anos em agosto e mora na Rocinha há quase 40 anos. Veio da Bahia para Rocinha com um filho pequeno. Morando já na Rocinha, presenciou uma chuva muito forte, onde houve desabamentos e quase perdeu sua casa. Em meio ao desastre encontrou um senhor com hanseníase e segundo ela conseguiu cura-lo através das ervas.  “Vi um senhor com hanseníase e falei para ele que tinha um remédio. Fiquei constrangida de passar. Ele falou: "O que a senhora fizer por mim é válido porque nenhum médico consegue me curar." "O levei para casa e passei um remédio. No outro dia o homem demorou a acordar e as feridas viraram cinzas, uma coisa impressionante. E assim começou a fama atrás da mão santa. Através do boca a boca do povo. Saí em vários jornais com o titulo: Mulher usa coquetel de ervas para curar doenças da Rocinha."

Maria Clara se considera autodidata, mas não queria ser uma pessoa sem estudo e por isso foi em busca de cursos de fitoterapia, onde aprimorou seus conhecimentos sobre a cura de doenças por meio de farmácia caseira. Já tratou pacientes com câncer, úlcera, psoríase, bronquite e outras doenças. Foi diagnosticada com câncer em maio de 2014 e foi fazer a biopsia pra ver o tipo de câncer. Afirmou que se curou através de um tratamento com as ervas. “Falei: 'Doutor, vou em casa fazer faxina e volto'. Mas pensei: 'Se eu curei tantas gente, porque não posso me curar?' Fiz meus remédios e no outro dia botei tudo para fora. Assim, em 18 de julho, fui me internar pra operar. Chegando lá, o médico disse que não tinha mais doença, ele me pediu para refazer os exames e deu negativo. Os médicos ficaram abismados e mandaram eu continuar meu tratamento natural." 

De Mão Santa a Mulher Maracujá

Depois que a Prefeitura do Rio demoliu sua residência na parte alta da Rocinha, Maria Clara não esquecia os barulhos das marteladas que derrubaram todo seu patrimônio. Sua maior preocupação era onde iria morar com seus filhos. Da angústia veio a criatividade. “Lembrei das mulheres frutas que são todas montadas e assim inventei a Mulher Maracujá: peito caído, cheia de varizes e a bunda toda murcha. Não uso silicone e nem quero me esticar, eu sou bem natural sou a Mulher Maracujá”. Criou uma roupa amarela cheia de bolinhas, imitando a parte de dentro do maracujá. Fez um clipe na laje, jogou na internet e passou a ser chamada por vários meios de comunicação. Participou do programa Qual o Seu Talento, do SBT, e de outras emissoras, inclusive internacionais. A brincadeira que começou com o objetivo de dar alegria à vida e conseguir um dinheiro para comprar uma casinha se transformou em profissão e a vontade de fazer o bem foi a motivação de seu projeto.

“Eu queria levar alegria ao mundo, eu queria uma personagem alegre mesmo para alegrar os doentes dos hospitais, os idosos, enfim um projeto que levasse risos ao mundo. Quero levar alegria aos lugares tristes e meu ideal aqui na Rocinha é fazer trabalhos com terceira idade. O povo fica doente pelo emocional, eles precisam sair pra se divertir, os filhos crescem e os pais ficam solitários e doentes, o melhor remédio é o riso."

Maria Clara sonha apresentar a Mulher Maracujá na sua cidade natal, em Santa Inês, na Bahia. Se alguém tiver interesse em apoiar um projeto que leve alegria, a Mulher Maracujá está em busca de parceiros. Hoje, conseguiu dar a volta por cima e agradece a Deus por estar dentro de uma casa. Construiu um albergue “Republica da Mulher Maracujá”, onde recebe gringos do mundo todo e em uma dessas visitas foi convidada para estrear no filme “Favela Diaries” (diário de uma favela) com previsão de lançamento no inicio de 2015.