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Poetisa de São Tomé e Príncipe avalia participação da mulher na literatura

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Em Brasília para participar da 2ª Bienal Brasil do Livro e da Leitura, a escritora de São Tomé e Príncipe, Conceição Lima, disse que em muitos países a literatura permanece como uma instância predominantemente masculina e que a ampliação do espaço da mulher é um processo que envolve combate e luta. Conceição Lima, poeta e jornalista, é licenciada em estudos afro-portugueses e brasileiros pelo King's College de Londres.

“É um combate, é uma luta, um processo, e acho que vai haver mais mulheres e elas próprias devem fazer, reivindicar, exigir e afirmar-se para que não seja uma concessão nem um favor, mas para que seja apenas a conquista e realização de um direito”, disse hoje (13) Conceição Lima durante entrevista à Agência Brasil.

“Acho que o papel da mulher na literatura é um exercício de cidadania numa dimensão particular. Mas é parte do exercício pleno de cidadania ser escritora, pintora, exercício de cidadania e do ser em plenitude, poder se realizar como criadora”, completou.

Ao avaliar a participação das mulheres no cenário literário brasileiro, a escritora comentou que o panorama é positivo. “As informações que tenho são de que há uma dinâmica em vários níveis e que as mulheres brasileiras vão se organizando precisamente para esse exercício pleno porque não é uma questão de oferecer, é uma questão de disputar, negociar, esse lugar pleno no centro da praça da cidadania e esse processo também está em curso no Brasil”.

Segundo ela, em São Tomé e Príncipe, predominam os homens na literatura, mas algumas mulheres tiveram presença marcante e estiveram na linha de frente da formação literária nacional. Ela citou as escritoras Alda Espírito Santo, que também ocupou cargos importantes no governo do país, como ministra da Educação e Cultura, e Maria Manuela Margarido que com sua poesia denunciou a repressão colonialista e a miséria no país.

A poetisa, que aborda temas relacionados à escravidão dos africanos e o descontentamento daqueles ideais que não se realizaram após a independência de São Tomé e Príncipe, fez uma avaliação sobre a participação da população negra nas artes no Brasil. Ela disse que observa um processo de mudança em andamento.

“Hoje se sente uma representatividade, uma visibilidade que pode não ser correspondente ao peso demográfico da população afrodescendente no Brasil, mas também não é o que se tinha há 15 anos, 20 anos. Acho que é parte de um processo e de conquistas contínuas e progressivas e creio que a própria comunidade afrodescendente tem sido sujeito e fator desse processo”, avaliou.

Em 2004, Conceição Lima publicou o livro O Útero da Casa e, em 2006, publicou A Dolorosa Raiz do Micondó, ambos pela editora Caminho de Lisboa.

Amanhã (14), às 18h30, a poetisa participará do Seminário Brasil, América Latina e África: novas realidades, novos escritores.